Itens compartilhados de Juliano

sexta-feira, 28 de março de 2008

Pão. Quer coisa mais simples que isso?

Mas por aqui não é não.

Eu estava passando os olhos nas notícias e acabei caindo no seguinte post do Diplô: Procura-se pão francês. Leiam. É basicamente o que penso toda vez que vou a uma padaria por aqui. Que falta faz o nosso pãozinho francês (que aparentemente não tem nem na França...)!

Pois é, pra mim pão é pão e depois vêm as roscas doces, rosquinhas, broas, brevidades, croassãs (ou croissants, para os mais metidos), esfihas, salgadinhos assados... Mas por aqui isso tudo aí se chama "pão". Que por influência dos japoneses, que por sua vez foram influenciados pelos portugueses do século XVI, também usam uma corruptela da mesma palavra: パン [pan] em japonês; 빵 [bbang] em coreano. O "pobrema" que eu tenho por aqui é que eu gosto de pão, e pão pra nós é aquele pãozinho gordinho crocante por fora e com aquele miolinho fofo e esfumaçante de uma fornada caprichada que acabou de sair. Dá até água na boca! Mas aqui não tem. Pão aqui só se vende depois que esfria, além da grande maioria ser doce. Para as formiguinhas de plantão até que não é tão má idéia, mas eu tenho muita saudade do nosso pãozinho salgadinho quentinho com aquela manteiguinha derretendinho e aquele cheirinho maravilhoso... Disso me vi privado desde o momento em que aqui cheguei... (suspiro)
Pão que não é doce por aqui, uma grande minoria, são por exemplo massa folhada com salsicha e um quilo de ketchup... Em tempo, a questão de ser doce ou não é uma linha muito sutil... isso só vale em questões comparativas: explicando melhor, pão doce é doce - com um monte de açúcar, geléia, doce de feijão, etc; já o pão que não é doce não é salgado, só tem menos açúcar, quase não dá pra perceber, mas ainda tá lá! Mesmo esse pão com salsicha, tem uma demão de açúcar derretido por cima (sutil) e o ketchup, querendo ou não, é doce. Pois, tá aí, como sobreviver por aqui? No extremo não doce, está a baguete (50 cm) ou a meia-baguete (20 cm), que é mais difícil de achar. Apesar de ser o pão menos doce, não contém uma gota de sal. Tem gosto de nada com coisa alguma. Só se sente mesmo a "cocrância" da casca e o miolinho macio (que deixa ainda um pouco a desejar quando comparado à fofura do miolo do pão nosso de cada dia no Brasil).
Nessas minhas incursões às padarias coreanas (que possuem alcunhas galicistas como Paris Croissant, Tous les Jours, Paris Baguette...) acabei por me decidir por algo que se assemelha mais aos nossos salgadinhos do que a pão propriamente dito. Tem um com uma massa parecida com esfirra (mais fina) com recheio de queijo (alguns microgramas), cebola e temperos (+- 100g - 1200 wons, uns R$ 2,40); outro é um super-salgadão vendido cortado ao meio, com um recheio "aproximadamente semelhante", um pouco mais caprichado (+- 300g - 3500 wons, uns R$ 7,00).
Então, pra não ficar muito triste, eu tento nem ir muito a essas padarias, pra não acabar morrendo de 唐尿病 당뇨병, literalmente "doença da urina doce", isto é, diabetes.

É claro que pão não é um alimento tradicional coreano, apesar de já ser conhecido aqui no extremo oriente desde o século XVI como já mencionado acima. O "pão" tradicional daqui é o 떡 (ddeok, leia-se tók), arroz glutinoso (esta palavra existe em português???) batido no pilão até formar uma massa completamente homogênea, conhecido no japão como 餅(もち) (mochi).
Pode variar em tamanho, cor, forma, sabor, recheio e cobertura. Há zilhões de tipos diferentes. Não posso dizer que eu goste, mas não é de todo ruim não. Depende do tipo.

E o ddeog é completamente ligado às tradições coreanas. Não há um tipo de festa em que não esteja presente: nascimento, aniversário de 100 dias (uma das festas mais importantes para a família), casamento, homenagem aos antepassados, etc. Sempre são colocados nas mesas como enfeites muito bem trabalhados, com várias cores e pilhas de vários formatos. Claro, antes de irem pro bucho depois das festividades...

Vocês podem ver um tipo de ddeok especial para o dia do festival dos mortos nesta foto nos dois cantos posteriores da mesa. Foto tirada na casa do irmão mais velho da parte paterna da família (chamada de Grande Casa) da Eun Bee.

Bem por hoje tenho que ficar por aqui. Tenho que ir pra facu daqui a pouco... Depois nos falamos mais um pouco. Até! :)

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