Itens compartilhados de Juliano

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

2008 - Ano Internacional das Línguas

“As línguas têm importância!”

Mensagem do sr. Koichiro Matsuura, Diretor Geral da Unesco, sobre a celebração do Ano Internacional das Línguas em 2008

O ano de 2008 foi declarado “Ano Internacional das Línguas” pela Assembléia Geral das Nações Unidas. A Unesco, encarregada de coordenar as atividades, tenciona assumir de forma resoluta o papel de principal responsável.

A Organização está plenamente consciente da importância decisiva das línguas frente aos inúmeros desafios que a humanidade deverá enfrentar nos próximos decênios.

As línguas são essenciais para a identidade dos grupos e dos indivíduos, bem como para sua coexistência pacífica. Elas constituem um fator estratégico para a obtenção de um desenvolvimento sustentável, além de uma articulação harmoniosa entre o que é global e o que é local.

São de máxima importância para atingir os seis objetivos da Educação Para Todos (EPT), assim como os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), aprovados pelas Nações Unidas em 2000.

Como fatores de integração social, as línguas ocupam, na verdade, um lugar estratégico na eliminação da extrema pobreza e da fome (ODM 1); como suportes na alfabetização, na aquisição de conhecimentos e de competências, são essenciais para tornar real o ensino primário universal (ODM 2); o combate ao HIV e à AIDS (SIDA), à malária e a outras doenças (ODM 6), para chegar às populações atingidias, deve ser feito em suas próprias línguas; a proteção dos conhecimentos e habilidades locais e autóctones, com o objetivo de assegurar uma gestão sustentável do ambiente (ODM 7) está intrinsicamente ligada às línguas locais e autóctones.

Além disso, a diversidade cultural está estreitamente ligada à diversidade lingüística, como mostram a Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural e seu Plano de Ação (2001), a Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial (2003) e a Convenção sobre a Proteção e a Promoção da Diversidade das Expressões Culturais (2005).

Contudo, mais de 50% das 7.000 línguas faladas no mundo correm o risco de desaparecer dentro de algumas gerações. Menos de um quarto delas são utilizadas atualmente em escolas e no ciberespaço, e a maioria delas são usadas esporadicamente. Milhares de línguas — mesmo que perfeitamente dominadas pelas pessoas que as usam cotidianamente como meio de expressão — estão ausentes do sistema educacional, dos meios de comunicação, da indústria editorial e do domínio público em geral.

Por isso é preciso agir. Mas como? Com o encorajamento e com o desenvolvimento de políticas lingüísticas que permitam a cada comunidade lingüística usar sua língua principal, ou materna, tão amplamente e freqüentemente quão possível, incluindo o uso na educação, ao lado do uso de uma língua nacional ou regional e de uma língua internacional. Além de incentivar os falantes das línguas dominantes a usar outra língua nacional ou regional e uma ou duas línguas internacionais. Apenas com a aceitação plena do multilingüismo todas as línguas ocuparão seus lugares no nosso mundo globalizado.

A Unesco, portanto, convida os governos, as organizações da Nações Unidas, as organizações das sociedades civis, as instituições educacionais, as associações profissionais e todas as demais organizações a fomentar em suas atividades o respeito, a promoção e a proteção de todas as línguas, em especial daquelas ameaçadas de extinção, em todas as situações da vida individual ou coletiva.

Quer seja através de iniciativas nos campos da educação, do ciberespaço ou no contexto alfabetizado; quer seja através de projetos para a salvaguarda das línguas ameaçadas ou para a promoção das línguas como instrumentos de integração social; quer seja para explorar a relação entre as línguas e a economia, entre as línguas e os conhecimentos autóctones ou entre as línguas e a criação, é importante promover por toda a parte a idéia de que “as línguas têm importância”.

A data de 21 de fevereiro de 2008, dia do nono Ano Internacional da Língua Materna, terá nesse contexto um significado particularmente importante e será uma ocasião muito propícia para o lançamento de iniciativas para a promoção das línguas.

Nosso objetivo comum é tornar reconhecida — nacional, regional e internacionalmente — a importância da diversidade lingüística e do multilingüismo nos sistemas educacionais, administrativos e jurídicos, nas manifestações culturais e também nos meios de comunicação, no ciberespaço e nos intercâmbios comerciais.

O Ano Internacional das Línguas em 2008 será uma oportunidade única para alcançar de maneira decisiva a realização desses objetivos.

Koichiro Matsuura

Dez dias de aventura

A partir de hoje, começa uma série de posts a respeito dos dez dias durante os quais estive ausente da frente do computador (o que foi muito bom pra provar pra mim mesmo que isso é possível...).

Depois de muito estudar e fazer projetos e estudar e passar muito tempo no laboratório, chegou a um ponto que eu não agüentava mais e precisava de um tempo pra mim, pra descansar, pra vivenciar coisas novas e me ver livre um pouco da Coréia (pelo menos a "minha Coréia", já que as pessoas da Universidade de Seul estão mais para robozinhos programados para estudar e não fazer mais nada).

Pensei, pensei, e acabei chegando à conclusão que poderia ir à China por várias razões: 1) não tinha mais dinheiro para voltar ao Brasil, já que me mudei de dormitório e tive que pagar o "seguro fiança" no valor da passagem; 2) o aluguel também aumentou e meu dinheiro diminuiu; 3) a China fica "aqui do lado" e dá pra ir de barco, mais em conta que avião; 4) não é todo dia que eu tenho a oportunidade de estar presente em um evento mundial como as Olimpíadas; 5) o custo de vida na China ajuda a economizar, saindo mais barato que uma viagem ao Japão. Isso posto, comecei a procurar possibiliadades aéreas e marítimas. Acabou que o mais barato mesmo era ir de barco, e acabei optando por um pacote com as passagens de ida e volta e 3 noites de hotel em Pequim, já que eu não tinha idéia da disponibilidade de hotéis e dos preços aplicados durante o período dos Jogos. De qualquer forma, optei por pagar só 3 noites em Pequim e 2 noites em Tianjin, a cidade onde se situa o porto onde chegaria e partiria, já que a chegada é difícil por tudo ser novo e desconhecido e a partida é cansativa pelo acúmulo de passeios, atividades e sacolas no melhor estilo brasileiro no Paraguai.

Assim começaram minhas aventuras olímpicas pequinesas...

Aguardem os próximos posts.

Um abraço olímpico para todos com três ouros, quatro pratas e oito bronzes!

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Estamos voltando...

Kimchi com Café e seu único editor estão voltando de viagem.
Só me dá um tempo pra desfazer as malas e tomar um bom banho, tá?
Depois eu conto as novidades.

domingo, 10 de agosto de 2008

Olimpíadas e China

Ao redor do mundo, muita gente está assistindo ao espetáculo quadrienal dos esportes, torcendo por suas nações, torcendo pela glória, seja ela de ouro, prata ou bronze. A luta pelo mais rápido, mais forte, mais belo.

No entanto, muitas outras pessoas deixam esses espírito de lado e partem para o lado político. Partem para a difamação e apontam os dedos às faltas do país sede, a China.

Como isso tem sido manifestado em várias partes do mundo, não poderia ser diferente em nosso país, o Brasil. Tenho lido muitas coisas pela internet afora onde pessoas dizem que não apóiam os jogos, que não assistirão, não querem fazer parte dessa horrenda nação que não dá liberdade a seus cidadãos, etc e coisa e tal.

Analisando friamente, de todos os protestos que tenho lido por aí, muitos deles se mostram vazios e sem base alguma, a não ser a cópia de algo que a pessoa ouviu falar ou leu em algum lugar e agora só repete de forma mais do que psitacista. Não passam de frases ocas que só querem atacar os pontos negativos (que, sim, existem), mas sem se preocupar em embasamentos firmes para a exposição de suas idéias.

No entanto, o problema não é esse de ficar mostrando o que é ruim em um país do outro lado do globo. O que me deixa encanzinado é o fato que a maioria das pessoas que fazem isso parecem achar-se vivendo em um paraíso onde não há problemas, onde tudo está certo, onde não há nada a fazer para melhorar a situação.

As pessoas citam fatos como a poluição, o problema dos direitos humanos, as exportações chinesas, a censura, e o diabo a quatro. Mas, pensando friamente, como anda o nosso país? Como anda o Brasil?

Poluição: já esteve bem, mas bem mesmo, pior. No entando, ainda há muito que se fazer. Eu como paulisteiro (paulista+mineiro) não me esqueço dos nossos amados Tietê e Pinheiros. Quem nunca teve uma nauseazinha, pequena que fosse, passando por esses rios em um quente dia de verão não é humano. Quem pega trem nas estações que margeiam o rio Pinheiros sabe muito bem disso. Quem vai do Butantã ao Eldorado a pé, cruzando a ponte Eusébio Matoso sabe muito bem disso... Isso é só um grãozinho de areia no oceano... O processamento do lixo e do esgoto na maioria das cidades não passa nem perto de levar em conta o meio-ambiente e o impacto que possa vir a aparecer na época dos nossos filhos ou netos. E assim vai... Só para ilustrar, o nosso país é o quarto emissor de gases formadores do efeito estufa, com 5,4%, atrás da Indonésia (7,4%), China (11,9%) e Estados Unidos (45,8%).

Direitos humanos: gostaria de dizer que não temos problemas nessa área, já que é o pecado capital da China, mas, pensando bem... Há alguns casos, creio. Citando uma parte do preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos:

"(...) o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo"

Só pra encurtar o assunto, vamos ver as palavras-chave deste pequeníssimo excerto:
  • reconhecimento da dignidade
  • direitos iguais e inalienáveis
  • liberdade
  • justiça
  • paz
Desses pontos quantos será que temos no Brasil?

Dignidade só para poucos, ainda temos cerca de 50% da população vivendo em condições abaixo do que se possa considerar suportável.

Direitos iguais e inalienáveis para quem tem dinheiro para poder pagar por eles.

Justiça que é feita quando a mídia decide que deva ser feita, mas ainda dá pra conversar e tomar um cafezinho.

Paz e liberdade! As pessoas realmente sabem o que significam essas palavras no Brasil??? De tudo o que eu sinto aqui na Coréia, a melhor coisa disparado é a paz e a liberdade. Onde no Brasil alguém poderia ir ao banco, sacar 1000 dólares e sair contando o bolo de 100 notas na rua? Onde no Brasil alguém (mulheres desacompanhadas principalmente) poderia andar às 3 da madrugada em um lugar calmo ou deserto sem iluminação e não dar a mínima para isso? Onde é que no Brasil alguém tem a possibilidade de subir um morro no meio da cidade com umas casinhas amontoadas aqui e ali, mas só com o intuito de apreciar a vista do topo? E isso tudo é porque no Brasil não tem guerra! Não é o que todo mundo fala? E isso tudo porque a Coréia do Sul, em teoria, ainda está em guerra com a Coréia do Norte; o fim da guerra nunca foi declarado... Só teve um armistício, uma suspensão provisória.
Pois é...

Ainda tem o caso do trabalho infantil e trabalho escravo pelos quais o "Brazil" é conhecido mundialmente.

Além disso, também o caso dos meninos de rua, do tráfico de drogas, da guerra urbana do crime organizado...

Os produtos chineses são também tratados como monstros que invadem os mercados, impossibilitando a venda dos produtos nacionais e blá, blá, blá... Todo mundo já conhece essa ladainha. No entando, os produtos Brasileiros também fazem algo similar no nosso arredor (América do Sul). Quem não se lembra dos protestos dos argentinos contra a importação de produtos brasileiros? Quem não sabe das empresas brasileiras que estão entrando nos outros países e comprando muito do que vêem pela frente? O imperialismo comercial brasileiro, ainda que pequeno comparado com o de outros países, já se faz sentir aos poucos. E nós, enchemos nosso peito de orgulho, de que o Brasil está crescendo e se mostrando ao mundo, mas não pensamos no que os argentinos, bolivianos, uruguaios, paraguaios, colombianos pensam de nós. Talvez o mesmo que nós pensemos sobre os Estados Unidos (no sentido pejorativo)...

Ainda bem que não temos censura! Isso é um absurdo, não é mesmo?
Vocês já ouviram falar de um documentário da BBC chamado "Beyond Citizen Kane"? Segue uma explicaçãozinha retirada da Wikipédia:

Beyond Citizen Kane (no Brasil, Muito Além do Cidadão Kane) é um documentário televisivo britânico de Simon Hartog produzido em 1993 para o Canal 4 do Reino Unido. A obra detalha a posição dominante da Rede Globo na sociedade brasileira, debatendo a influência do grupo, poder e suas relações políticas. O ex-presidente e fundador da Globo Roberto Marinho foi o principal alvo das críticas do documentário, sendo comparado a Charles Foster Kane, personagem criada em 1941 por Orson Welles para Cidadão Kane, um drama de ficção baseado na trajetória de William Randolph Hearst, magnata da comunicação nos Estados Unidos. Segundo o documentário, a Globo emprega a mesma manipulação grosseira de notícias para influenciar a opinião pública como o fez Kane.

Controvérsia da Globo sobre direitos britânicos

O documentário foi transmitido pela primeira vez em setembro de 1993, por meio do Canal 4 britânico. A transmissão foi adiado por um ano, porque a Rede Globo contestou, baseado em leis do Reino Unido, os produtores de Muito Além do Cidadão Kane pelo uso sem permissão de pequenos fragmentos de programas da emissora para fins de "observação crítica e de revisão".

Durante este período, o diretor Simon Hartog morreu após uma longa enfermidade. O processo de edição do documentário foi assumido por seu co-produtor, John Ellis. Quando pôde ser finalmente transmitido, cópias do documentário foram disponibilizadas ao custo de produção pelo Channel 4. Muitas cópias foram enviados ao Brasil através da comunidade brasileira residente na Grã-Bretanha.

Banimento no Brasil

O filme seria exibido pela primeira vez no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro do Rio de Janeiro, em março de 1994. Um dia antes da estréia, a polícia militar recebeu uma ordem judicial para apreender cartazes e a cópia do filme, ameaçando em caso de desobediência multar a administração do MAM-RJ e também intimidando o secretário de cultura, que acabou sendo despedido três dias depois.

Durante os anos noventa, o filme foi mostrado ilegalmente em universidades e eventos sem anúncio público de partidos políticos. [1] Em 1995, a Globo tentou caçar as cópias disponíveis nos arquivos da Universidade de São Paulo através da Justiça Brasileira, mas o pedido lhe foi negado.

O filme teve acesso restrito a essas pessoas e só se tornou amplamente vistos a partir da década de 2000, graças à popularização da internet.

E isso tudo nos anos 90! Quem diria! Muita gente não sabe...
Aí, muita gente vai dizer: mas olha! não tem censura agora porque podemos ver isso tudo na internet, posso falar o que quiser e não vou preso... Mas, será? O que é que a grande maioria do povo brasileiro sabe? O que é estudado nas escolas, o que é aprendido por meio de literatura vasta e variada, ou o que é passado na televisão? Quando alguma coisa passa na TV, ou sai no jornal, todo mundo toma aquilo por verdade verdadeira, mas será mesmo? A censura no Brasil não é feita ativamente porque não precisa. O povo já nasce censurado das mais básicas necessidades humanas, do conhecimento, da opinião crítica, da educação, da paz e do direito de ir e vir... E o problema é que ninguém vê isso.

Mas o que mais me surpreende é que o nosso povo em geral está sempre descontente; e faz o quê? Espera. Espera que alguém faça algo, porque os descontentes estão muito ocupados com as mulheres melancias, os quadrados, os churrascos e as baladas. Se perguntar, muita gente fala que não tá bom, que podia tá melhor, mas quem faz alguma coisa? Ninguém. O brasileiro sempre espera que alguém faça algo por ele. Pra que jogar a embalagem do sorvete na lata de lixo se tem o gari que vai passar pra varrer a rua? Além do que, se não me atinge diretamente, pra que vou me preocupar?

Além disso, o Big Brother (nada a ver com o programa de TV, tá bom, meninos?) hoje em dia já existe, só que mudou de nome... O novo nome do Big Brother agora é IP...

Não sei se alguém viu o seriado na internet "Vida no Trânsito". Tem um cara lá que é exatamente isto o que estou falando. Ele está sempre nervosinho com a situação, expõe todos os problemas e diz: "alguém PRECISA fazer alguma coisa!", mas ele mesmo fica jogando dominó com o taxista e fumando seus cigarrinhos.

Quanto às execuções, não tenho muito o que falar. Ainda bem que não temos isso no nosso país, não é verdade? Não temos chacinas, assassinatos, assaltos à mão armada, seqüestros, coisas desse tipo. Que bom!


Rap das armas (744691 visualizações)


Trabalho escravo




Tortura


Chacina




Tráfico


E também tem aquela do Tibete e do Turcomenistão do Leste (aquele lugar onde acabou de ter um arremedo de carro-bomba que matou 16 policiais). Quem assistiu a cerimônia de abertura das Olimpíadas já sabe: a china tem 56 diferentes etnias dentro de seu imenso território (maior que o do Brasil). Dizem que esse território foi tomado à força e que eles forçam a homogeinização dos povos pela língua e pela cultura... Alguém já parou para pensar no nosso "Novo Continente"? A América (não no sentido estadunidense, mas no sentido geográfico, ou seja, as três Américas, do Norte, Central e do Sul) foi criada extirpando todas as nações existentes por aqui e os pobrezinhos que sobreviveram às primeiras investidas hoje se encontram em uma situação que não é lá das melhores. Mas eles são índios, não é? Até há pouquíssimo tempo, eles eram considerados legalmente incapazes tanto quanto uma criança...

E na China, onde eles têm 56 diferentes etnias, já dá tanto pano pra manga; imagina no Brazil que temos só de povos indígenas mais do que 200! Já ouviram falar dos Aconãs, Acuntsus, Aicanãs, Ajurus, Amanaiés, Amondauas, Anacés, Anambés, Apaniecras-canelas, Aparaís, Apiacás, Apinajés, Apolimas-araras, Apurinãs, Aquáuas, Aranãs, Arapaços, Araras, Araras-caros, Araras-do-aripuanã, Arauetés, Aricapus, Aruás, Aticuns-umãs, Auetis, Avás-canoeiros, Bacairis, Banauás, Baníuas, Barás, Barasanas, Barés, Bororos, Caapores, Cadiuéus, Caiabis, Caiapós, Caiapós-xicrins, Caimbés, Caingangues, Caixanas, Calabaças, Calabaças-jandaíras, Calancós, Calapalos, Camaiurás, Cambas, Cambebas, Cambiuás, Campas, Canamaris, Canindés, Canoês, Cantarurés, Capinauás, Carajás, Carapanãs, Carapotós, Caripunas, Cariris, Cariris-xocós, Caritianas, Caruazus, Catuquinas, Catuquinas-pano, Caxagós, Caxararis, Caxinauás, Caxixós, Chamacocos, Chiquitanos, Cintas-largas, Cocamas, Coiupancás, Corubos, Craós, Crenaques, Cricatis, Cubeos, Cuicuros, Cujubins, Culinas-pano, Curuaias, Denis, Desanos, Dous, Eleotérios-do-catu, Enáuenês-nauês, Euaruianas, Fulniôs, Galibis, Galibis-maruornos, Gaviões-mondés, Guajajaras, Guajás, Guaranis, Guatós, Hupdás, Ianomâmis, Iaualapitis, Iauanauás, Icpengues, Iecuanas, Ingaricós, Iranxes, Jabutis, Jamamadis, Jaminauás, Jarauaras, Javaés, Jenipapos-canindés, Jiahuis, Jiripancós, Jucás, Jumas, Jurunas, Machineris, Macunas, Macurapes, Macuxis, Marubos, Matipus, Matises, Matsés, Maxacalis, Meinacos, Menquis, Miranhas, Miritis-tapuias, Mundurucus, Muras, Nadobes, Nambiquaras, Naruvotos, Náuas, Nauquás, Nuquinis, Ofaiés, Oiampis, Oro-uins, Paiacus, Palicures, Panarás, Pancaiucás, Pancararés, Pancararus, Pancarus, Paracanãs, Paracatejês-gaviões, Parecis, Parintintins, Patamonas, Pataxós, Pataxós-hã-hã-hães, Paumaris, Pipipãs, Pipipãs-de-cambixuru, Pirarrãs, Piratapuias, Pitaguaris, Poianauas, Potiguaras, Pucobiés-gaviões, Quiriris, Rancocamecras-canelas, Sacurabiates, Saterés-maués, Sirianos, Suiás, Suruís, Suruuarrás, Tabajaras, Tapaiúnas, Tapebas, Tapirapés, Tapuias, Tarianas, Taurepangues, Tembés, Tenharins, Terenas, Ticunas, Tingui-botós, Tiriós, Torás, Tremembés, Trucás, Trumais, Tsunhuns-djapás, Tucanos, Tuiúcas, Tumbalalás, Tuparis, Tupinambás, Tupiniquins, Turiuaras, Tuxás, Uaianas, Uaimiris-atroaris, Uaiuais, Uananos, Uapixanas, Uarequenas, Uaris, Uassus, Uassus-cocais, Uaurás, Uitotos, Umutinas, Xacriabás, Xambioás, Xavantes, Xerentes, Xetás, Xipaias, Xoclengues, Xocós, Xucurus, Xucurus-cariris, Yuhupdeh, Zoés e Zorós?
Com certeza tem até mais que isso, e já teve muito mais ainda!

E não falando dos povos atuais e dos já exterminados, o que dizer do território brasileiro? Quem fez até a 4.ª série primária deve (ou deveria) conhecer algo a respeito da Bula Inter Coetera e do Tratado de Tordesilhas. Portugal só tinha direito às terras a leste da linha de Tordesilhas, o que equivalia a um quarto ou menos até do território atual ocupado pelo Brasil. O que fizeram os Portugueses, nossos avós? Foram tomando o que podiam, foram entrando no sertão e nas florestas e foram tomando, ignorando quem vivesse por lá, como sempre. Encontrando índios pelo caminho, faziam amizade (leia-se: exploravam o trabalho escravo indígena) ou, se os índios não eram "amigáveis", azar o deles: vai apodrecer.
Até a pouco tempo (séc. XIX) o Paraguai era relativamente grande e forte (lembro de um mapa antigo que vi no Museu do Ipiranga que mostrava Sorocaba quase na fronteira com o Paraguai...), o Acre era parte da Bolívia... E por aí vai...
Conheço gente que até hoje reclama da perda da Cisplatina... Sentem-se castrados por terem perdido um pedaço de terra do nosso país (que nem nos pertenceu por muito tempo, diga-se de passagem...).

E os Estados Unidos da América? Deveriam devolver mais de metade de seu território ao México? E o Alaska comprado da Rússia e a Luisiânia comprada da França? Só porque foram comprados por uma mixaria não tem problema, não é?

Agora, a China só porque invadiu o Tibete nos anos 50, depois da Segunda Guerra, quando a nova ordem já estava instalada, é atacada por todos os lados? E quanto às grandes potências colonialistas européias, ou estadunidenses, ou japonesas (só para citar algumas)?



Vou ficando por aqui na esperança de ter atiçado um pouco algumas mentes para um pensamento mais crítico e menos passivo. Apesar de termos ainda um longo caminho pela frente, se cada um fizer uma pequenina coisa, talvez o futuro não seja tão triste.

Se alguém tiver algum ponto a incluir, por favor comente.

Um abraço,

Juliano

PS: Só para constar, aí vai uma entrevista do Lula para a BBC onde esses fatos são mencionados como possíveis impecílios à realização das Olimpíadas no Rio em 2016... Aqui.

PPS: Mais umas coisas para ler...

PNAD:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2006/brasilpnad2006.pdf

Race segregation in Brazil (estudos acadêmicos):
http://paa2006.princeton.edu/download.aspx?submissionId=61570
http://www.nd.edu/~kellogg/publications/workingpapers/WPS/173.pdf
http://books.google.com/books?id=YwJoyyXm7ZkC&dq=significance+of+skin+color+in+brazil&pg=PP1&ots=cQeqRUKcIy&sig=og5d-Ia5Hp2zrFEB9ApVMFxRH9I&prev=http://www.google.com/search%3Fsourceid%3Dnavclient-ff%26ie%3DUTF-8%26rls%3DGGGL,GGGL:2006-46,GGGL:en%26q%3Dsignificance%2Bof%2Bskin%2Bcolor%2Bin%2Bbrazil&sa=X&oi=print&ct=title#PPP15,M1

Estupro - BBC:
http://news.bbc.co.uk/1/hi/world/americas/6266712.stm

Miami Herald:
http://www.miamiherald.com/multimedia/news/afrolatin/part3/index.html

sábado, 9 de agosto de 2008

Brasil X Coréia

Este é meu primeiro post sobre as olimpíadas.
E já começos bem: o Brasil acabou de perder da Coréia do Sul no basquete.
Como eu não tenho muita paciência pra ficar assistindo esses jogos, principalmente pela internet no laboratório, eu vi só o pedaço em que o Brasil estava penando para manter o jogo, fechando o tempo com vantagem de uns dois pontos. Joguinho bem sofrido pros dois lados.
Depois, parei de ver pra fazer minhas coisas e agora que voltei, tive a surpresa de ver o time brasileiro atrás por uns bons pontos. Como tudo na Coréia é rápido, não deu tempo de ver o resultado final. Quando apitou o sinal de "game over", os comentaristas já se despediram e o comercial entrou. Pelo que me lembro foram uns seis pontos de diferença mais ou menos.
Quanto à Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim ontem, eu achei uma coisa de louco! Acho que só mesmo na China pra poder fazer uma coisa daquelas. Foi um espetáculo e tanto! O problema é que resolvi assistir à cerimônia num café (ou cafeteria) que tinha umas TVs (ah, e quando menciono TV em comércio aqui na Coréia, quero dizer telão de LCD de umas 30 e tantas polegadas... Normal.). Mas o volume das TVs estavam baixinhos e resolvi escutar alguma transmissão feita pelo rádio com as imagens da TV (o rádio que usei foi do meu dicionário eletrônico). No começo tudo bem... Aquelas imagens e os comentaristas que não paravam de falar nunca (afinal era rádio, né? - mas mesmo assim eles podiam se calar um pouco pra poder deixar o som de fundo um pouco mais audível...). Valeu a pena. Depois do show... e da pontinha de "inveja" que se fazia sentir por parte dos coreanos quanto às invenções chinesas (relógio de sol, impressão com tipos móveis), as quais qualquer coreano sabe que foram inventadas pelo Rei Sejong, o Grande, veio a hora do desfile das comitivas de cada nação. Passou a Grécia, não sei quem mais, não sei quem mais, e quando chegou na vez da Dinamarca (ou um pouco antes, não me lembro bem): comercial! Ficou passando comercial por uns bons 10~15 minutos!!! Eu só "vi" o Brasil passando pelo rádio!!! É ou não é "expressionante"? Coideloco. Não me lembro no Brasil como é, mas acho que quando transmitimos a cerimônia, transmitimo-la por inteiro não é não? Não importa que país ou região seja a que esteja passando, a transmissão é feita sem cortes, nem que dure 10 horas... Se tiver alguma intervenção comercial seria por meio de aluma vinhetinha gráfica passando no rodapé da imagem ou em uma chamada de no máximo 30 segundos de duração, não é? Corrijam-me por favor se errado estiver.
Aqui não. Pelo menos 20 minutos (já que foram dois cortes para comerciais) foram gastos com propagandas atrás de propagandas, enrolando até que a Coréia apareceu lá no finalzinho do espetáculo. Aí sim eles transmitiram tudo... O.o
Na hora fiquei muito puto. E é engraçado como o espírito patriótico cresce quando vivemos em outro país... No Brasil, eu sou apenas mais um, como qualquer outro; aqui, eu sou sempre o brasileiro, o represente de uma nação de quase 190.000.000 de pessoas. Para os coreanos que eu conheço, eu sou o protótipo de brasileiro... e eu tenho até pena, já que como brasileiro eu não tenho nada de mais: não danço, não jogo e não assisto e não sei de futebol, não sou negro... quebro todos os paradigmas que eles têm. hahaha
Já que aqui me sinto mais brasileiro do que qualquer coisa, eu queria, meio subconscientemente, ver o desfile dos atletas brasileiros entrando em campo frente às outras duzentas e tantas nações presentes... não pude. Na hora, fiquei puto... agora conformei-me.

Finda-se aqui o primeiro post relativo aos Jogos Olímpicos de Pequim 2008.

Aguardem...

domingo, 3 de agosto de 2008

Trivialidades não tão triviais

As trivialidades só são triviais em certos espaços e momentos.
Trivialidades banais como comer um pão francês, por exemplo, só é trivial mesmo no Brasil e, pelo que presenciei, no sudeste asiático, mais precisamente na região da ex-Indochina Francesa (da qual a tão famosa "Cochinchina" faz parte!), e atuais Vietnã, Camboja e Laos. Nem mesmo na França comer pão francês, pelo menos "o" pão francês que tão bem conhecemos, pasmem, não é um fato reportado como corriqueiro.
Bem, indo direto ao ponto, quero dizer que comer pão por aqui não é uma tarefa fácil. Primeiro pela própria denominação "pão" que engloba o que conhecemos por pão, roscas, bolos, pães doces e até massa de pizza... Com uma amplitude semântica dessa espécie, achar um pão que mereça ser chamado de pão não é uma tarefa das mais fáceis. No entanto, achar o que eles denominam "ppang (빵)" (palavra que, por acaso, é um empréstimo do japonês que, por sua vez, é um empréstimo do português do século XVI!) é uma tarefa extremamente fácil! Entretanto, o 빵 coreano é normalmente uma rosca ou um pão doce com recheio de creme de leite, creme de ovos, creme de amendoim ou creme de feijão (doce, para os desavisados). Eu, amante do meu pãozinho francês quentinho acabado de sair do forno da padaria, vi-me privado de tal prazer por aproximadamente dois anos, isto é, o período que estou aqui na Coréia sem voltar à pátria amada, idolatrada, salve, salve!. Com as intempéries e agruras no campeio de um bom pão francês, cheguei a um ponto em que havia desistido de tentar.
Hoje, no entanto, visitei uma cafeteria (das quais a Coréia está coalhada) onde se compra uma caneca de café (no "bom e velho" estilo estadunidense) e pagando a módica quantia de ₩700 a mais, a pessoa ganha o direito de se servir de um "buffet" (ou bufê) de pães à vontade! Só pra ter uma idéia, um pãozinho custa de ₩1000 a ₩1500. Não precisa dizer que fiz a festa, já que todos os pães eram do meu agrado. É claro que não é assim de mão beijada... O bufê só funciona das 8 às 10 em lugar que fica a uma hora da minha casa. E como ultimamente tenho levado uma vida meio notívaga, levantar a essas horas, para mim, está fora do meu fuso horário. Mesmo assim, não me arrependi nem um pouquinho. Fartei-me até não mais poder. Fiquei no café até depois do meio-dia, tamanha a "vontade" que tinha de me mexer de tanto pão no buxo.
No picasa tem uma galeria com algumas fotos dos pãezinhos.
Cada vez que eu olho pras fotos, minha boca enche de água... =)

Pães...

sábado, 2 de agosto de 2008

Calor...

Até a semana passada, choveu muito por aqui. Como as chuvas de verão de São Paulo que alagam uma boa parte da cidade. E não só isso é parecido como também o fato de que, em ambas as metrópoles, as regiões alagadas são as regiões mais pobres e de periferia. Como eu estou em um ponto nobre da cidade, a Universidade, isso não acontece, além do que as universidades na Coréia são normalmente construídas em montanhas (talvez pela falta de espaço para um câmpus grande), e montanhas são um pouco difícil de serem inundadas...
Até aí, tudo bem. O que está pegando é o calor... estamos mais uma vez no período mais quente do ano... já havia escrito sobre isto no ano passado: os chamados "bok". Por volta do mês de agosto, de acordo com a marcação do tempo tradicional e milenar que segue o calendário lunar, existem 3 períodos: bok inicial, bok intermediário e bok final, mais ou menos com 10 dias cada um. E agora, estamos nos aproximando do último bok, que é o período mais quente do ano e é a época de se tomar sopa! O que é uma tradição coreana de combater o calor com comidas quentes. A sopa tradicional é a sopa de cachorro, mas, com o passar do tempo, essa sopa vem sendo substituída pela sopa de frango com ginseng. Poucos jovens ainda se arriscam a comer "au-au", como eles dizem aqui. Fazem isso porque a palavra para cachorro (개, kae), e a palavra para caranguejo (게, ke), apesar de serem escritas de forma diferente são pronunciadas da mesma forma. Para diferenciar dizem "ke que anda de lado" (caranguejo) e "(ke) au-au" (cachorro de comer). Ah, e a propósito, "au-au" em coreano é mong-mong (몽몽).
E, com o calor, chegam as cigarras... em milhões e ficou cantando, piando, gritando, zunindo... sei lá qual é o verbo usado para cigarras. Bem, nada como a internet, né? Acabei de perguntar para o Google qual é o som das cigarras e ele me mandou pra página do dicionário Michaelis que nos informa o seguinte: "Cigarra - cantar, chiar, chichiar, ciciar, cigarrear, estridular, estrilar, fretenir, rechiar, rechinar, retinir, zangarrear, zinir, ziziar, zunir." As daqui fazem isso tudo ao mesmo tempo! Chega a um ponto que nem se ouve mais, o cérebro se acostuma com o ruído e o filtra, por uma questão de sobrevivência.
Banho não adianta... Mesmo com banho frio, passam alguns minutos e já se está todo suado. Porta aberta também não. O ar é quente tanto dentro quanto fora. É um calor absurdo. E eu não gosto de calor. Agora que eu comprei minha bicicletinha nova, não posso usá-la pois 5 minutos de pedaladas já são o suficiente para me desidratar... de tanto suor. Ai, ai...
Paciência. Mais um mês, e o tempo começa a refrescar e a ficar mais suportável... Não vejo a hora de o inverno chegar. Neve é bem melhor que este calor... No inverno, basta colocar um monte de roupas e fica tudo bem... no verão, tira-se tudo e ainda fica esse calor maldito! Argh...
Um abraço melado pra vcs.
Tchau

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