Itens compartilhados de Juliano

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Férias?

Finalmente estou tendo um período ao qual posso dar a designação de "férias", mais de um mês depois de as aulas terem oficialmente terminado.

No entanto, entretanto, porém, contudo e todavia, tenho zilhões de coisas pra fazer e fica um pouco difícil dizer que serão férias de verdade...

A pior coisa será o "exame geral", uma prova onde caem matérias relativas a todas as matérias que já estudei (e das que não estudei também) e que tenho que fazer senão não poderei defender minha tese.

E falando em tese, não faço a mínima idéia de sobre o que vou escrever... É claro que vai ser algo relativo a lingüística computacional, mas e daí? Há milhares de opções e a grande maioria delas eu não faço nem idéia...

Está começando a época mais difícil dos estudos... O problema é que ao invés de melhorar, de me acostumar com o passar do tempo, acontece exatamente o oposto: vem ficando cada vez mais difícil e mais difícil de saber o que vai acontecer.

É muito engraçado agora quando penso que eu reclamava do tempo que estava estudando coreano, que achava que era muito difícil, puxado... que nada! Aquilo sim eram férias! Depois de entrar no mestrado, foi aí que eu vi a cobra fumar! Mesmo depois de dois semestres completados com relativamente bons resultados, ainda assim não foi fácil não.

Falando em resultados, não sei se mencionei que o professor deu A+ para nós pelo nosso projeto. Pois é, depois de mais de 2 meses de trabalho quase ininterrupto, finalmente ele se convenceu que nosso projeto valia alguma coisa. Tanto que mandou a gente se inscrever em uma conferência internacional de lingüística, a PACLIC (Pacific Asia Conference on Linguistics, Information and Computation). Vamos ver no que dá. Na verdade, a gente até já tinha desistido de participar, mas, por sorte, eles resolveram dar uma esticadinha no prazo de entrega dos trabalhos e ganhamos mais 2 semanas para terminar nossos testes e análises do nosso experimento. A resposta sai na primeira semana de setembro.

Agora eu vou ter de sair para ir ao escritório do NIIED (National Institute for International Education), o órgão do governo que me deu a bolsa, para reclamar que eles ainda estão tirando o dinheiro do meu dormitório do valor da bolsa... Em tese, estou pagando duas casas!!! Pago aqui e eles tiram o dinheiro de lá, sendo que já faz dois meses que eu saí! Ai, ai, ai... Vamos ver.

Desejem-me sorte. Especialmente para receber de volta o dinheiro que eles já tiraram...

Um abraço.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Weakest Link

Esses dias eu tenho assistido a BBC já que aqui no dormitório eles a disponibilizam junto com mais 2 canais chineses, um de Taiwan, outros dois do Japão, e mais 4 coreanos, além do canal internacional coreano chamado Arirang.

Na BBC tem um programa de perguntas e respostas, relativamente difícil, com uma apresentadora que me dá medo! Quem já viu, que comente... Ela parece uma oficial alemã da segunda guerra, daquelas dos filmes... Que medo!

Dêem uma olhada no site... http://www.bbc.co.uk/weakestlink/

Óia! Ronaldinho veio pra Coréia!

Nunca assisto muita TV, mas por acaso acabei de ver que o Ronaldinho Gaúcho veio pra Coréia esses dias e foi recebido como superstar. E, pra quem pensa que eu vi isso num programa de esportes, nã nã não! Era um programa tipo "TV Fama"! Cada coisa...

獨島-竹島 Dokdo-Takeshima... A novela continua...

Desde o século 16, mais ou menos, os dois países têm brigado pela posse de umas ilhotas rochosas no meio do mar que separa a Coréia e o Japão. Há documentos registrando a posse das ilhas por um país ou por outro. De acordo com os documentos históricos, uma família japonesa, após descobrir as ilhas por acaso, obteve o direito de explorar durante 70-80 anos tanto Tokto como as ilhas de Ulleungdo (鬱陵島) e Dokdo (獨島) pelo xógum Toyotomi Hideyoshi. No entanto, as ilhas já eram conhecidas pelos coreanos e aí começa a briga.
Isso vai se arrastando durante os séculos, até a poucos anos atrás quando a prefeitura de Tottori no Japão (鳥取県) resolveu declarar o "dia de Takeshima". Aí os coreanos caíram de pau em cima e começou a briga. Se não me engano, isso foi em 2004...
Passou um tempo, o povo esqueceu, mas agora, que o povo está raivoso com a importação de carne americana e a vaca louca (fato o qual o presidente nega veementemente, dizendo que pagará US$ 500.000,00 à pessoa que ficar doente "se e somente se" alguém realmente ficar doente), apareceu essa história de Takeshima/Dokdo de novo. Eu até acho que foi feito de propósito para desviar as atenções do "gado"... Agora, não tem outra notícia na TV além da história de Dokdo, e da questão do "Mar do Leste" que é conhecido mundo afora como "Mar do Japão". Chegaram a reclamar com a Biblioteca do Congresso dos EUA para mudar o nome que eles usam... Tokto é chamada de "Rochas de Liancourt", já que foi um baleeiro francês que chegou às ilhotas pela primeira vez (no caso dos ocidentais), e o "Mar do Leste", chamado de "Mar do Japão". Eles ficam furiosos com isso!
Aí trazem à tona documentos e mapas antigos, mostrando que o mar era chamado de "Mar da Coréia" até o fim do séc. XIX, que Dokdo sempre foi coreana, e os japoneses dizem que tais documentos não têm valor histórico como registros, etc., etc...
E por aí vai a novela.
E, nesse ínterim, ninguém mais fala da carne...

Até.

domingo, 20 de julho de 2008

Bacalhau

Depois do BigMac de ontem, hoje tinha que comer uma comida mais saudável, e por que não uma boa bacalhoada? Essa história começou na semana passada quando fui a Gangnam (um bairro daqui) e resolvemos dar uma passadinha numa cervejaria tcheca chamada Castle Praha. O lugar é muito interessante, de fora parece pequenininho, mas dentro é beeem grande. Lá, bebemos um copo de cerveja e pedimos Fish and Chips para comer. Ao invés de ser Fish and Chips de verdade, como se esperaria de algo nomeado assim, a batata era, na verdade, batata doce empanada. Isso me decepcionou um pouquinho, mas não estava de todo ruim. O negócio foi quando experimentei o peixe. No começo não estava dando nada por ele, mas ao experimentar percebi que se tratava de, nada mais nada menos, bacalhau! Fiquei muito feliz, já que havia muito tempo que não provava dessa iguaria. Não posso dizer que minha estada aqui na Coréia tenha sido completamente desprovida da ingestão do mesmo, mas o problema é que aqui normalmente se come peixe no "formato" sopa. Eu não sou tão fã de sopa assim, então não acho que seja gostoso, mesmo quando seja gostoso mesmo. Isso é um pouco estranho... Desde criança sou assim... Eu tomo sopa, sei que a tal pode ser classificada como gostosa, mas meu cérebro se recusa a aceitar esse tipo de opinião gustatória. Ele acha que por ser sopa, não há como ser gostoso. As duas coisas não se misturam. No entanto, uma sopinha de vez em quando não mata ninguém. O negócio é que com o bacalhau, eu acho que seja até um desperdício ele não ser utilizado para ser degustado por meio de uma boa e suculenta (não ensopada) bacalhoada. Decidi então que hoje faria uma bacalhoada. Fosses como fosse, eu bacalhoaria hoje. E assim foi.
A propósito nunca havia feito nenhuma bacalhoada na minha vida. Hoje foi a primeira. Segundo ponto: eu não tenho forno. E sempre gostei muito mais das bacalhoadas de forno do que de panela. As de panela têm a tendência de ficar ensopadas (dããã...). Eu gosto mais sequinhas. Mas assim mesmo, parti para o feitio do meu sonho gastronômico.
Cortei as batatas, as cebolas e os tomates em generosas rodelas. Piquei o alho, a cebolinha e a salsinha. Separei as azeitonas e o azeite de oliva. E o principal, o peixe, aqui é vendido congelado, mas não salgado. E relativamente barato, a módicos ₩8000 o meio-quilo. Botei os "grediente" na panela e lasquei fogo no bicho. Comparado com o que imaginei antes, ficou muito bom! Claro que ainda não tão bom quanto teria sido se tivesse sido feito no forno, mas valeu! Matei a vontade e só de escrever isso aqui agora, já fico com água na boca só de pensar.
Só tive um pouco de problema com a quantidade de água que saiu dos ingredientes. E como queria uma bacalhoadazinha mais seca, deixei tudo no fogo por mais tempo. Visualmente, não foi nada de mais, nenhuma obra-prima, mas, gustativamente falando, ficou muito boa! Principalmente em se tratando da não existência de bacalhoadas por estas bandas...
Vai um bacalhauzinho aí? Hmmm...
Um abraço.
Juliano

sábado, 19 de julho de 2008

McDonald's

Não fui pago pra escrever isso, nem estou fazendo propaganda.

O negócio é que acabei de voltar do McDonald's. E antes que me atirem pedras, já vou logo avisando que comer comida coreana todo dia chega a um ponto que cansa, então temos que variar. Além disso, já tinha bem mais de 3 meses desde minha última ida lá, então resolvi ir hoje.

Na verdade, o que eu quero falar é: "por que o McDonald's do Brasil é tão absurdamente caro e com um serviço tão vagabundo?" Isso é um mistério que me persegue desde a época em que morei no Japão. Para uma rede internacional, o serviço supostamente é padronizado; no entanto, por que cargas d'água então é que no Brasil eles são tão vagabundos? Será o pessoal que trabalha lá é que não segue as normas?

Bem, vamos pôr isso em pratos limpos.

Em primeiríssimo lugar vem o preço. Não sei quanto está custando no Brasil, mas quando saí daí estava beirando os "déiz real". Agora, levando em conta a nossa arraigada cultura inflacionária, suponho que já deva estar entre 12 e 15 "conto". Aqui, à noite, custam ₩5600, uma vez que dei uma nota de ₩10000 e ela me voltou uma outra de ₩5000 com 4 moedinhas de ₩100. (Minhas contas estão certas?) Já, na hora do almoço, o mesmo "Big Mac Set", o número 1 do Brasil, custa módicos ₩3000. Transformando isso em reais no câmbio do dia, dá R$ 7,20 na janta, e R$ 4,70 no almoço.
Se fosse só isso, já seria uma diferença boa. Mas tem mais.

Refrigerante: toma-se à vontade. Não no estilo americano de botar a máquina de servir pra fora, mas no estilo coreano de voltar ao balcão e pedir: "enche pra mim de novo?" Sem pestanejar, o copo já está pronto pra mais uma, duas, três... até o freguês morrer intoxicado. O negócio é que a maioria acaba ficando no primeiro copo mesmo. Coreano quase não toma refri. Mas que pode pode.

Outra coisa que me deixa puto no Brasil é a batatinha. É um milagre quando elas são servidas quentes, normalmente chegam mornas (quase frias) e terrivelmente murchas; também considero um milagre se são servidas na quantidade certa, já que os atendentes são treinados a usar aquela pá esquisita jogar as batatas sem nenhum carinho dentro do reipiente a elas destinado e sacudir o mesmo para tirar o excesso que acaba jogando metade das batatas de volta àquele receptáculo iluminado que guarda as batatas à espera de uma boca para comê-las.

Aqui, não sei como conseguem, mas as batatas estão sempre quentinhas e crocantes por fora, exatamente como devem ser. Além do que, a quantidade aqui é o contrário do Brasil: eles ficam sacudindo o negocinho pra ver se dá pra mais algumas batatinhas entrarem.

Só isso pra mim já estaria bom... mas ainda tem mais!

O sanduíche, o centro das atenções, no Brasil, chega dentro daquela caixinha que quando é aberta mostra uma aberração, um arremedo de Big Mac... O pão prum lado, o hambúrguer pro outro, o molho e a alface esparramados e grudados em todas as paredes da caixinha... Terrível...

Aqui, o sanduíche vem embrulhado em um papel, que já serve de guardanapo, no estilo hambúrguer/cheeseburguer do Brasil, mas com o sutil detalhe de um aro de papelão que ajuda a manter a forma do sanduíche em dia, mesmo depois de uma viagem de metrô/ônibus por aqui com todo o empurra-empurra digno dos coreanos. (Nada a ver com isso, mas acabei de matar um pernilongo e as palmas das minhas mãos estão ardendo...) O aro realmente evita o desmoronamento do sanduíche e a manutenção de seus ingredientes nos devidos lugares... É ou não é outro mundo?

(Ah, e não é só aqui. No Japão é igual.) Isso sim mostra a atenção pelos pequenos detalhes e mostra ao cliente o quão importante ele é para o comerciante. No Brasil, ao contrário, não sei se pelo fato de brasileiro comer até McCocô (se eles resolverem lançar) e se achar o máximo, parece que os clientes não estão fazendo mais do que sua obrigação de comer essas abominações do ramo brasileiro das lojas da rede internacional de restaurantes (?) McDonald's.

Se alguém do McDonald's algum dia ler isso aqui, por favor, tome providência e dê um jeito... pelo menos nas batatinhas... Odeio batata murcha...

Pra quem leu até aqui, um abraço e até a próxima.

Fui.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Só mais uma coisinha por hoje...

CALOR!!! UMIDADE!!! Verão coreano...
Meu, como pode fazer TANTO calor em uma meia-península só!! Se fosse só o calor, ainda vá lá, mas como pode ter TANTA umidade em uma meia-península só!!! (Fora a questão da meia-península... Momento "Tropa de Elite": para quem não sabe, "a palavra península, vem do latim paene (quase) e insula (ilha), é uma formação geológica consistindo de uma extensão de terra de uma região maior que é cercada de água por quase todos os lados, com exceção do pedaço de terra que a liga com a região maior, chamado istmo." Então o que seria uma meia-península? Istmo é difícil de catalogar...) Mas voltando à vaca(-louca) fria, ô tempinho do cão!!!
Hoje, até que não está lá tão ruim... Pra quem gosta de um calorzinho de 31° à sombra, tudo bem. Eu não. Mas ontem... ontem estava o ó. Sabe aqueles lindos dias de inverno, digno de Campos do Jordão ou Petrópolis ou Paranapiacaba (por que não?) onde não se enxerga um palmo à frente das ventas? Aquela cerração que se pode cortar com uma faca, uma cerração tão forte que se condensa em água (não, Pedro Bó, se condensa em fogo... dããããã!) em poucos minutos em conta(c)to? Então aqui estava assim ontem, com 30°! É tanta umidade, mas tanta umidade, que eu não sei se estava suando ou se era a umidade se condensando em minha roupa... Dá pra torcer de tão enxarcada que fica a roupa... O céu? Cinza o dia inteiro. Nuvens? Não, cerração estival. Ê lê lê! É nesses dias que eu queria morar na Sibéria. Se bem que até lá chega a fazer 30°... Por alguns dias só pelo menos. Eu num güeeeento! É muito calor. E o problema é a umidade, daquele tipo de umidade de praia que gruda na pele e fica melando... Eca! Haja banho...

A vaca louca e o presidente

Quando escrevi o título deste post, li-o e percebi um quê de cordel... Vou tentar então contar a historinha por meio das nossas amadas redondilhas...

nestas terras da Coréia
este novo presidente
num acordo de comérico
comprou carne demente

a carne é americana
do acordo bilateral
só que teve um probleminha
e o povo caiu de pau

descobriram que essa carne
tinha um vírus mortal
que atacou o pobrezinho
do sacrificado animal

este novo presidente
que de bobo não tem nada
disse pro povo "relaxa"
a vaca era vacinada

"vacinada uma ova"
gritou o povo raivoso
e pra este presidente
foi um pouco doloroso

doloroso ouvir seu povo
gritando "esse ladrão,
é um louco, assassino,
vamos jogá-lo no chão!"

o negócio é que a carne
pra economia daqui
é um produto de peso
de mais valor que o siri

os coitados coreanos
que da carne ganham o pão
ficaram muito chocados
com essa má decisão

presidente se dirige
a toda a população
dizendo "não há problema,
não carece confusão!"

o povo que não é bobo
saiu de vela na mão
reclamando do maldito
e da maldita importação

de que adianta o preço
ser mais que liquidação
se comendo dessa carne
haverá consternação?

o povo não quer ouvir
palavra do presidente
já que estão muito irados
e já morreu muita gente

essa gente que exigia
o direito democrático
que acabou por se tornar
um momento bem dramático

na história do país
coisa assim nunca se viu
o povo gritando nas ruas
"vai pra ponte que o partiu!"

gritar contra o presidente
palavras de ordem vis
é considerado crime,
coitados desses civis

a polícia militar
de escudo e cacetete
parte pra cima do povo
descendo sem dó o porrete

só por causa do desejo
de exprimir seus direitos
como pobres cidadãos
que não concorreram aos pleitos

esse novo presidente
parece que nem ta aí
já trouxe a Condolezza
flerta com o FMI

não pode deixar voar
essa galinha de ouro
os States da América
que trarão um bom tesouro

o que é bom para o país
e para os governantes
mas o povo reitera:
"bando de ignorantes"

a vela é uma lei
do tempo da ditadura
não se pode reclamar
a favor da agricultura

com mãos limpas reunião
na rua por lei não há
só se pode com as velas
sem se criar bafafá

mesmo com o apoio da lei
e tais encontros luminosos
o povo não tem sucessos
que cheguem a ser gloriosos

pacifismo é a lei
que impera com os "veleiros"
ainda assim os "hómi" chegam
com momentos traiçoeiros

basta um olhar estranho
um mover-se diferente
já é pouco o estardalhaço
já são dez civis sem dente

bala de festim é pouco
jato d'água da mangueira
é assim que muita gente
sofre agora de cegueira

outros já somente apanham
de escudo ou cacetada
os "hómi" não tem piedade
e vão descendo a porrada

tudo isso só por causa
do acordo americano
de comércio que só dá
carne louca ao coreano

já disseram ao presidente
que por pouco não caiu
mas ele nem se preocupa
das promessas já fugiu

agora seu interesse
é com os States brincar
falar com a Condolezza
com o Bush conversar

dessa forma a influência
da Coréia aumentar
o povo? que ele se dane!
quero mais dele é roubar!

é assim o presidente
que o coreano elegeu
lá em outubro passado
quando muito pensei eu

que esse candidatinho
que falava tanto o povo
não ia melhorar nada
procuraram pêlo em ovo

pra mim esse cara de início
me parecia safado
com um tal de Paulo M.
de São Paulo, aquele estado

que o tem como ladrão
mas mesmo assim bonzinho
porque constrói coisas boas
para o povo coitadinho

o povo que vota nele
e muitos impostos paga
não vê como o bolso dele
de dinheiro se alaga

o mesmo vi eu por cá
nesta terra tão distante
um presiente safado
e um povo ignorante


Vá lá que não é uma obra prima, mas em 15 minutos o que se há de fazer? Minha verve trovadoresca não é lá essas coisas. Quem se incomodar, que me perdoe.

Mas esse negócio das manifestações à luz de velas é um caso à parte. (Ó! Duas crase em uma frase! (E um plural assassinado pra manter a rima...)) É uma lei do tempo que a dita era dura que proíbe qualquer tipo de reunião civil em locais públicos a não ser que os manifestantes carreguem consigo um vela (acesa, claro). Pra mim, como bom brasileiro, me lembra aquelas procissões de santo padroeiro quando o santo sai da igreja dá uma voltinha na praça e volta pro altar à espera de seu próximo passeio anual. Pra mim não parece em nada uma manifestação anti-FTA e anti-ruminante-esquizofrênico. O povo tá puto da vida com o Lee Myung-bak, que a propósito é coreano nascido no exílio, em seu registro de nascimento consta o nome 月山明博, ou seja, Akihiro Tsukiyama. Essas coisas que eu não entendo... os coreanos que odeiam tanto os japoneses elegem um Akihiro Tsukiyama pra presidente e depois ficam reclamando... Culpa deles, ué.

Ah, e pra quem acha que Seul é do tamanho de uma quadra de Futsal, eu só vi essas manifestações pela TV. Elas acontecem a 20 km da minha casa, em frente à prefeitura de Seul que, para assuntos manifestísticos, é equivalente à Paulista/Brigadeiro/Consolação em SP. Copa do mundo? Prefeitura! Impeachment do presidente? Prefeitura! Show de grátis pro povo? Prefeitura! Vaca louca? Prefeitura... É tudo lá. E um pouco também no ribeirão Cheongye, que foi "o Myung-bak que fez"! Ai, como é parecido com o nosso M. lá de SP...

Camiseta e a sociedade coreana do ponto de vista lingüístico


Uma das primeiras coisas que fiz por aqui foi tratar de me fantasiar de turista, isto é, tratei de comprar uma camiseta com motivos coreanos.
O negócio é que é uma camiseta preta com um poema da era Choseon, última dinastia coreana antes da colonização japonesa. O poema obviamente está escrito em hanja (漢字), isto é, caracteres chineses em estilo cursivo.

Abaixo segue o que está escrito no papelzinho que veio junto com a camiseta, com um pouco mais de informação pesquisada por mim.

"Este é um poema escrito por um dos maiores monges daquela era, chamado Seo San 서산대사 (西山大師) (1520-1604) . Ei-lo:

踏雪野中去 不須胡亂行 今日我行跡 遂作後人程
답설야중거 불수호란행 금일아행적 수작후인정

Ou seja:

Ao passar por campos nevados,
nunca caminhe incautamente,
já que seus rastros serão
o guia dos que te seguirão.

Este poema era o favorito de Kim Gu 김구 (1876-1949) que era o presidente do Governo Provisório Coreano sob o regime do imperialismo japonês. Quando ele foi assassinado no ano de 1949, ele estava escrevendo este poema. No momento crucial da pátria, ele enfatizava as pegadas, isto é, os traços deixados pelos que passaram, o modelo a ser seguido, como a estrela-guia para os descendentes, não se importando com sua própria segurança pessoal."

Pois é, é bonito. Tem um sentido profundo e uma história de bravura e luta pelos ideais patrióticos, um pouco à la Tiradentes. Mas aí vêm os coreanos... ai ai...
Toda vez que eu saio com essa camiseta, as pessoas me olham de soslaio, ou disgueio, e os mais corajosos vêm me perguntar por que eu estou andando com uma camiseta da China ou do Japão... Ambos aceitáveis, já que os ideogramas estão escritos na forma cursiva e muitos se parecem incrivelmente com hiraganas japoneses. Aí eu venho e falo que é um poema coreano. Eles então olham pra mim e riem com uma cara de desconfiança, como que querendo dizer "Ha! Esse wegugin (estrangeiro) nem sabe a diferença de Coréia, China ou Japão!" Eles então, por cordialidade, soltam um arremedo de comentário e dizem com a maior certeza e crente que estão ensinando uma grande lição: "Mas isso não é coreano, veja, são aqueles desenhinhos chineses, aquelas letras estranhas deles! Você não vê?" E eu respondo: "Claro que sim! Isso é hanmun (estilo arcaico de se escrever a língua coreana por meio de caracteres chineses, pra encurtar assunto, já que não é tão simples assim). É um poema antigo CO-RE-A-NO (acentuando todas as sílabas) que estava sendo escrito pelo governador da Coréia quando foi capturado e assassinado pelos japoneses." Eles esntão desistem de me "ensinar" o correto e soltam um "Ah, tá.", querendo dizer: "Ai, esses qegugins... Acham que sabem tanto... Deveriam mais é deixar a gente sossegado e voltar pros seus países...".
Pois é. É claro que isso não é todo mundo, mas uma grande parte pensa assim. A impressão que eu tenho é que não existe escola por aqui! Ninguém sabe nada. Só se sabe o que todo mundo sabe. Deixe-me explicar. A história coreana, a qual eles gabam de ser quadrimilenar e o diabo a quatro, tem no máximo uma meia dúzia de personagens. Pergunte a qualquer coreano o nome de personalidades históricas durante os 4000 (!) anos de história coreana e eles vão falar: Tangun (o rei-deus que deu origem ao povo coreano), I Sun Shin (o general (?) que inventou os navios-tartaruga que derrotaram os japoneses durante uma investida do Tokugawa-san por aqui), O Grande Rei Sejong, o magnífico (o carinha que era tão bonzinho que costumava jantar com seus súditos sujos e pobres e que inventou tudo o que tem na Coréia, inclusive as letras usadas por aqui). Quem se arriscar, vai acabar tirando do bolso as notas de 1000 e 5000 wons pra ler os nomes dos carinhas que estampam as mesmas (a de 10000 wons todo mundo sabe que tem o Rei Sejong). E acabou. Daí já pula pros presidentes modernos como Rhee Syngman, Park Chung-hee...
Fora isso, tem gente que não sabe quantos rins uma pessoa tem ou que a coluna vertebral é a única partezinha do corpo que liga a parte de cima com a parte de baixo (pra evitar nomes científicos).
Além do que o inglês é a única língua no mundo, fora a odiosa língua que os japoneses impuseram aos coreanos durante o período da colonização ou aquela língua feia e cantada dos chineses que só sabem copiar os produtos coreanos e vender mais barato.
De uma forma geral, eu acho a cultura geral de um coreano médio bem baixa. Não deixa nada a dever aos nossos compatriotas que muitas vezes são tachados de ignorantes, imbecis e de "só podia ser brasileiro mesmo". E acho que tudo isso se resume à forma de ensino coreana. 100% memorização. Pra isso eles são bons e dão de 10 a zero ni nóis. Memorização tudo e qualquer coisa. De um dia pra outro, memorizam capítulos de livros pra fazer prova. Uma semana depois? Zero. Parecem ter uns bons terabytes de RAM na cabeça, mas desligou a tomada, puf! Eu não acho isso bom. Eu, pessoalmente, sempre aprendi que memorização não é uma coisa boa, que antes de memorizar, temos que entender e aprender. E aprendendo, não há a necessidade de memorizar, pois o conhecimento já está aconchegado nas sinapses cerebrais e vai demorar muito mais pra sair de lá. É claro que a curva de resposta dos dois estilos são completamente inversas... Memorização é de efeito quase imediato, ao passo que aprendizagem demora para realmente se efetivar. Acho que tbm por isso: pela alma ppali-ppali dos coreanos impacientes... Pra que aprender se dá pra memorizar? E se precisar de usar aquilo de novo, basta memorizar de novo. São bem pragmáticos. Sabem o que todo mundo sabe (numa nivelada sócio-cultural) e sabem o que têm que saber pra poder fazer seu trabalho de forma rápida (não necessariamente eficiente).
Aí está... Todo mundo sabe que japoneses são malvados e bobos, portanto não devem gostar deles. Todo mundo sabe que chineses não tomam banho e comem cachorro, então não devem gostar deles também. E aí? Como é que eu fico com a minha camiseta "coreana"????

Ah, só a quem interessar possa:

Nem sei se vocês têm acompanhado minha saga mestradística por aqui pelas bandas das Coréia, mas lembram-se de quando eu comecei a estudar Python, comecei a fazer aqueles programinhas, estava arrancando meus cabelos para pensar em algum projeto... Pois é. Meus problemas acabaram!!! Com o Super-Auto-Programeitor Tabajara... ops! Canal errado! (Momento Idiocracy...) Voltando: meus problemas já se findaram graças a um belo trabalho de equipe que, pelo que percebi, ocorreu pela primeira vez em nossa "lindo" Laboratório de Lingüística (eita palavrinha difícil de escrever... eu sempre digito isso umas três vezes por causa dos acentos que saem nos lugares errados...) Computacional da Universidade Nacional de Seul, Coréia. Eu e Munhyong, meu colega de laboratório, resolvemos partir para o matadouro juntos. Munhyong estudou na Universidade de Línguas Estrangeiras da Coréia (韓國外國語大學校) no departamento de Engenharia (?) (não entendi isso até hoje... engenharia numa faculdade de línguas, mas tudo bem...) e sabe programar muito bem em C e adjacências. O problema é que C, para o que precisamos fazer é um pouco "muito complicado de mais", e geralmente fazemos uso de outras línguas de programação, principalmente Perl. Passamos o semestre passado fazendo programinhas em Perl para aprender (no estilo "sevirômetro") e acabamos manejando mais ou menos essa língua de programação meio esquisita mas muito útil. Aí vieram as férias, depois outras aulas e outros afazeres e agora, no final do semestre, quando ele foi fazer seus programinhas em Perl, descobriu que já tinha esquecido quase tudo.
No meu caso, descobri um "kit de ferramentas" para trabalhar com programação de processamento de línguas naturais chamado NLTK que tem por base a linguagem de programação chamada Python. Pra mim que já vivia no mundo GNU/Linux por mais de 3 anos, além de uns 5 anos de curioso antes disso, o nome Python não era em nada estranho. Além disso, eu já tinha até me aventurado a tentar fazer um programinha em Python pouco antes de entrar no mestrado, e resolvi unir o útil ao agradável: usar o NLTK e, de quebra, aprender mais uma lingüinha de programação. Vocês devem se lembrar de algum post anterior onde devo ter mencionado esse fato. De lá pra cá, mergulhei no Python e fui aprendendo na marra a usar essa língua muito estranha no começo (principalmente pra quem usava Perl) e absurdamente útil agora! Simplesmente não consigo me imaginar sem usar Python agora. Depois de pegar o jeito da coisa (e olha que eu nem comecei a arranhar a superfície ainda...), tudo fica bem mais fácil, prático e útil em uma bordoada só.
Voltando ao assunto do trabalho... Quando estava sofrendo em busca do cálice sagrado, a respeito do que poderia fazer como projeto final do curso de Lingüística Computacional 2, acabei comentando com o Munhyong e ele convidou-me a fazer o projeto com ele, já que ele tinha uma idéia meio Frankenstein de unir dois projetos que a gente havia estudado durante o curso. Pus-me então a ajudá-lo, seguindo suas instruções e fazendo meus programinhas. Não obstante o fato de que esforçamo-nos deveras, a primeira idéia acabou não dando muito certo. Sem perder as estribeiras, Munhyong acabou frankensteiniando uma outra idéia parecida com um corpus (Graças à Wikipédia, temos que: Corpus lingüístico é um corpo de textos escritos ou falados numa língua disponível para análise. O estudo de corpora (corpora é o plural de corpus) apresenta muitas vantagens. Em vez de consultar nossas intuições, ou de ‘extrair’ informações dos falantes, penosamente, uma a uma, podemos examinar um vasto material que foi produzido espontaneamente na fala ou na escrita das pessoas, e portanto podemos fazer observações precisas sobre o real comportamento lingüístico de gente real. Portanto os corpora podem nos proporcionar informações altamente confiáveis e isentas de opiniões e de julgamentos prévios, sobre os fatos de uma língua. O uso de corpus (plural corpora) está associado à Linguística de Corpus.) de um projeto sobre língua coreana. Resolvemos então construir, baseado em um projeto que acabou de ser feito por outro aluno do nosso laboratório (aquele que sumiu), um programa para a extração de palavras semelhantes baseada na relação entre as funções sintáticas e as palavras em vista. Com isso, construímos pares de palavras ligadas por meio de suas relações sintáticas de um corpus com cerca de 10.000.000 de palavras. Depois por meio desses pares, pusemo-nos a calcular o nível de similaridade entre essas palavras. O resultado final foi como o projeto anterior, relativamente baixo, isto é, as palavras encontradas não são tão similares quanto se esparava. Aí é que entra o "tcham" do nosso projeto, a língua coreana possui um alto grau de homófonos/homógrafos, por exemplo, bae, em coreano, pode significar "barco/navio", "barriga", "pêra" e "vezes (formador de numerais multiplicativos)". No primeiro experimento, todos esses significados se mostraram presentes em um só grupo, o que não traz bom resultado. Em suma, o programa dizia que barco é similar a pêssego que é similar a adição... o que não é verdade. Isso por causa da homofonografia (acabei de inventar) da palavra bae. Mudamos então o corpus para que nele constasse qual o significado das palavras homófonas e rodamos o program novamente. O resultado foi sensacional! Agora o programa diz que barco, automóvel, navio, cavalo, bicicleta, veículo, etc são equivalentes. Isso qualquer criança pode ver que é bem melhor que o resultado anterior. Todas as palavras acima têm em comum o fato de serem meios de transporte. O mesmo se passou com os sentidos de barriga e pêra. Exultamo-nos!
O interessante é que quando apresentamos essa idéia em sala de aula para o professor e os outros alunos do nosso curso, o professor se irritou com a gente e quase gritando disse: "Pra que fazer isso? Vocês não sabem que isso já foi feito? Vocês não sabem que o resultado não foi muito satisfatório em coreano? Vocês têm a pretensão de dizer que dá pra melhorar isso de alguma forma???" Continuando por uns 5 minutos e durante nossa apresentação com comentários "bem construtivos e apoiadores"... Depois disso, descobrimos que ele havia inscrito esse trabalho como trabalho em conjunto dele com o menino que sumiu (nessa época ele ainda não tinha sumido) para apresentar em uma conferência internacional sobre lingüística computacional. Aí deu pra entender a reação dele... Propusemo-nos a melhorar um trabalho que, sem que soubéssemos, ele iria apresentar na conferência. Mas e daí? Problema dele! Se ele se interessasse um pouco mais sobre a gente, isso não teria acontecido... Ele teria sabido disso antes e não teria ficado todo nervosinho na frente de todo mundo.
Bem, pra encurtar a história, acabou que entregamos o trabalho pra ele um pouco atrasados, tipo mais que uma semana de atraso. Muito disso por causa do tamanho dos corpora (plural de corpus) que demoravam por volta de 15 horas pra rodar e dar resultado. E quando víamos os resulatdos, tínhamos que modificar algumas variáveis pra ver se o resultado melhorava ou não... Isso tomou muito tempo... Eu sei que, no final das contas, depois de mais ou menos um mês de trabalho de cão, varando noite, dormindo no laboratório (quando dava tempo), voltando pra casa só pra tomar banho, e morrendo um dia inteiro na cama quando dava tempo, mandamos o trabalho pra ele por e-mail. Dois dias depois nos chamou em sua sala. Fomos meio com o rabo entre as pernas. Quando abrimos a porta, ele estava que era só sorrisos! Ele adorou nosso resultado, claro que nem passou pela sua cabeça de pedir desculpas o qqr coisa do gênero, mas resolveu aumentar nossa nota (que ele já tinha dado antes de ver o trabalho porque tínhamos demorado e ele tinha que entregar por causa do calendário). Fechamos o semestre com A+. Que beleza! Até que valeu todo o trabalho de doido que tivemos. E a satisfação de ver nosso projetinho dar seus frutos... e graças aos MEUS programas em Python! =) Senti-me super satisfeito!
Pois é, o Munhyon entrou com as idéias, eu entrei com a programação (que me ensinou pra caramba!!!), e ambos entramos com a redação do "paper" (não é papér de mineiro, tá? é pêiper de americano...). Foi um trabalho que se tivéssemos feito sozinhos, não teríamos passado de B, mas juntando nossas forças e idéias, acabamos tirando A+. Foi um senhor trabalho de equipe meu e do Munhyong, ficamos muito contentes, e nos aproximamos bastante. Antes éramos apenas colegas de laboratório, agora somos amigos. Finalmente! Depois de um ano... Brasileiro fala que japonês é difícil de fazer amizade... Vai tentar com coreano, vai! Êita!
Um abraço pro 6.
Inté.

Meu mais novo "bebê"

Depois de quase 2 anos por aqui, resolvi concretizar um sonho que de há muito desejava. Comprei uma bicicleta.
Minha vida por aqui não é nada do que se possa chamar de excepcionalmente ativa (pelo menos não fisicamente). Já estava me sentindo mal de tanta falta de exercício... Então por que não juntar o útil ao agradável? Bicileta foi sempre algo por que sempre me interessei e desde minha primeira, aos 5 anos de idade, nunca fiquei muito afastado da magrela. Pelo menos até me formar no segundo grau. Daí pra frente, só usei bicicleta no Japão, no ano 2000, e de lá pra cá somente pude cultivar o desejo de mais uma vez possuir um meio de transporte barato, prático, limpo e saudável. Mas, em se tratando de Seul, devo também adjungir o adjetivo "um pouco perigoso". Na verdade, não é nada comparado com São Paulo, e de uma forma mais geral, no Brasil. Lá, realmente, eu não tenho coragem de andar de bicicleta em paz. Por aqui, pelo menos os carros andam relativamente devagar, o mais perigoso parecem ser as pessoas. Ninguém olha pra onde vai... Por essa razão, deve-se estar atento pra não atropelar nenhuma velhinha desavisada, ou algum estudante indo pra escola. De resto, tudo bem. Além disso, há relativamente muito mais ciclovias por aqui do que em São Paulo, mas o problema é que as mesmas começam no nada e terminam em lugar nenhum... Não há muita lógica. A não ser em grandes lugares públicos como o parque que margeia o rio Han que corta a cidade de cabo a rabo. Aí sim é o paraíso dos ciclistas. Lá é um tipo de Ibirapuera daqui. Inclusive, agora no "maldito" verão, tem gente que acampa na beira do rio pra dormir, uma vez que o calor dentro das casas se torna infernalmente insuportável. Claro, se se está disposto a pagar uma conta de luz mais alta, basta ligar o ar condicionado, mas muita gente que faz isso (dormir na beira do rio) é porque gosta de se sentir mais perto da natureza, ou os mais velhos que foram criados no campo e ainda não estão tão acostumados com a vida na grande metrópole. E por falar nisso, Seul é tão grande, bonita, feia, limpa, suja, interessante, assustadora quanto São Paulo. O bom é que a parte onde se lê "assustadora" só o é para os Coreanos, já que para quem morou em uma grande metrópole do ocidente isso é fichinha. Crimes quase não existem por aqui. Só de vez em quando, quando alguém tem um ataque de esquizofrenia ou alguma outra doença mental e acaba matando alguém. Aí vira filme e eles ganham o maior dinheirão com isso. Fora isso, há alguns roubinhos vagabundos como o que aconteceu com uma amiga: entraram na casa dela, após serrarem uma grade e meia da janela (como no Brasil aqui também tem grades nas janelas), entraram no apartamento que continha TV, dois laptops, som, e muitos outros etcéteras e levaram sabe o quê? O porquinho de guardar moedas! O POR-QUI-NHO!!! É ou não é divertido? Pra gente, quando ouvimos que alguém entrou na casa de alguém já ficamos esperando pelo pior: estupros, latrocínios, o diabo a quatro... E aqui: POR-QUI-NHO! Não é de fazer rir??? É claro que este não deixa de ser um ato ilícito e imoral e amoral (amoral não é adjetivo referente a "amora", tá?), mas de qualquer forma, para nós brasileiros, só um porquinho se torna engraçado. Isso meio que mede o alto grau de violentabilidade ao qual infelizmente já estamos acostumados, não é não? Já temos uma idéia pré-concebida de que uma invasão domiciliar é um ato que normalmente deve trazer conseqüências catastróficas e não somente perdas materiais; que atos de qualquer tipo de assalto devam trazer algum tipo de violência (geralmente física ou moral). Por aqui, simplesmente o fato de alguém ter adentrado ao espaço privado de uma pessoa sem a devida anuência do proprietário já se considera um fato de extremo perigo e desespero. Essa minha amiga, quando se deu conta do fato, ligou-me para narrar o acontecido e eu, chegando na parte do POR-QUI-NHO, não pude conter-me e explodi-me em risos! No final, ela também acabou por rir, já que percebeu que tudo poderia ter sido muito pior, mas mesmo assim, sua reação me pareceu, a mim como brasileiro, um tanto quanto exagerada.
Bem, essas são apenas algumas poucas histórias (ah, e de acordo com as leis sacras que regem e trancafiam a língua dita portuguesa, "estória" não existe, pelo menos não mais) que se passam por aqui pelas terras do antigo e quadrimilenar "Reino da Manhã Tranqüila". E acabei fazendo mágica neste meu post... Transformei minha nova bicileta em um POR-QUI-NHO! Ahahaha...
Um abraço pra quem fica.
Fui!

sábado, 5 de julho de 2008

Momento reflexão...

Tudo o que eu sempre pensei (a respeito desta situação, é claro... não que eu só tenha só pensado sobre isso minha vida toda...) foi resumido didática e claramente neste vídeo. Faço das suas as minhas palavras.



Momento de reflexão patrocinado por "Kimchi com Café".

Abraços.

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