Itens compartilhados de Juliano

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Aproveitando o dia da libertação dos escravos...

Eu como escravo dos meus estudos de mestrado na Universidade Nacional de Seul, aproveitarei o 13 de Maio para escrever um pouquinho mais para meus leitores que devem estar se perguntando que fim terei levado.



Com a primavera, não só as cores e a vida retornam em forma de folhas e flores, insetos e pólen, como também em forma de pessoas alegres e faladoras num vai-e-vaem sem fim pelas ruas e montanhas. Com a primavera também chega a época dos festivais de rua. Depois de quase seis meses entocados em ambientes fechados, os coreanos saem de casa com tudo, festejando a primavera que chegou.

Quem passou pelo blogue do Henrique e do Gustavo (os da minha turma) ou os outros blogues de brasileiros-coreanos já deve estar a par da festividade que aconteceu aqui em Seul na semana passada. É isso mesmo: é uma semana inteira de apresentações culturais e históricas e também de muitas "coreanices" (quem mora aqui sabe o significado do termo). Isso tudo culmina com o "Festival de Comidas Estrangeiras" no último domingo do festival chamado "Hi! Seoul Festival" (informações aqui e aqui) que acontece todo ano desde 2003.

Quem quiser saber das peripécias dos KGSS (Korean Government Scholarship Students, ou seja, Estudantes da Bolsa do Governo Coreano), basta ler os posts do Henrique e do Gustavo (já que a dona Briza não se digna a atualizar seu blogue que contém nada mais nada menos do que um único post escrito quando da chegada da mesma "senhourita" a estas bansas).

Eu vou escrever sobre outro festival: o da Universidade Nacional de Seul.



Na UNS temos anualmente dois grandes festivais que acontecem exatamente quando o clima está agradável e "sobrevivível", isto é, um na primavera e outro no outono, já que no inverno e no verão não dá... (Eu pessoalmente acho o verão "mais pior de ruim" ainda que o inverno. Mas brasileiro que é brasileiro e que não conhece o verão coreano nunca crê "neu".)

O festival por aqui geralmente acontece durante uma semana (com mais intensidade durante uns dois ou três dias, já que a coreanada tem que estudar) e se resume a apresentações culturais, sendo a grande maioria musical com alguma coisa de dança, as quais normalmente ninguém assiste; e barraquinhas de comida esparramadas por todos os cantos com milhares de pessoas comendo e se deliciando com a mesma comida que se pode comer em restaurantes acessíveis que existem em todos os lugares por aqui, os "bunshikjip", mais conhecidos pela alcunha de Kimbab Cheonguk", ou seja, "Paraíso dos Kimbabs" (aqui e aqui são lojas que copiaram o nome do restaurante que faz sucesso na maior cara-lavada). Só esse fato já é interessante. Coreano que é coreano não inova muito quando o assunto é gastronômico: eles preferem ficar no arroz com feijão, ops, no arroz com kimchi quotidianos (o que não é muito diferente do brasileiro mediano). A diferença está no fato de que, além das comidinhas servidas, há também bebidas! Bebidas!!! Para um ser acostumado ao Brasil onde a grande maioria bebe, e sem muita hora para tal, havendo pessoas que já começam o dia com uma "cerveja da manhã" ao invés de um "café da manhã", pode parecer natural, mas, na Coreia, o negócio é diferente: aqui quase ninguém bebe durante o dia! E quem bebe é olhado de rabo de olho pelos outros que começam a falar mal do beberrão por trás. Normalmente só se veem pessoas de mais idade bebendo, já que como ninguém se atreve a contradizer uma pessoa idosa, eles fazem o que bem entendem a torto e a direito (graças ao Confucionismo imperante na sociedade coreana). Mas hoje, como é dia de festival, as barraquinhas todas saem vendendo garrafas e mais garrafas de bebidas alcoólicas dentro do câmpus e todos os alunos e alguns professores se fartam e aproveitam a liberdade consentida e preenchem suas caras com álcool.

Das bebidas consumidas há de tudo. De cerveja a uísque passando por todos os degradês de cores e graduações alcoólicas. No entanto, a mais consumida e, consequentemente, a mais oferecida pelo comércio "barraquístico" é o Makkeolli, um vinho (?) de arroz típico da Coreia que contém um pouco de gás e que deve ser chacoalhado (ou agitado, se preferirem) antes de usar: o que eu acho bem engraçado, já que muitas vezes por causa disso ele espirra quando a garrafa é aberta e é relativamente comum ver pessoas tomando banho daquela substância leitosa por falta de atenção na hora de abrir a garrafa... e isso porque eles fazem isso a vida toda... e não aprendem que espirra! Hoje mesmo eu vi uma senhora (tinha até cara de professora, mas até aí não sei) abrindo a garrafa devagarzinho enquanto batia o maior dos papos e nem sabia o que estava fazendo; só acordou do transe conversacional em que estava depois de ficar ensopada.


Além disso, ontem também teve barraquinhas do "International Food Festival", ou seja, "Festival de Comida Internacional" por aqui também. Uma cópia miniatura do que aconteceu no centro de Seul no domingo totalmente gerida pelos estudantes da universidade, normalmente o pessoal do curso de língua e alguns da graduação (eu que sou da pós não tive tempo de participar, vocês já devem ter imaginado). Fui ontem prestigiar a turminha brasileira e comi uma coxinha que estava uma "diliça" com "queijo cremoso" dentro (gostaria que fosse requeijão... hmmm... (saliva escorrendo do canto da boca)). Mandei ver logo duas e uma caipirinha de Soju e Saida, um refrigerante de limão estilo "Sprite" que tem por aqui, além de limão daqueles amarelos. E até que não tava tão ruim! (Acho que é por já estar por aqui há mais de dois anos... eu nem lembro o gosto de uma de verdade...)

O problema é que por falta de tempo, não deu para passar pela barraquinha dos outros países... Mas de qualquer forma, a coxinha já valeu a pena. Quando vocês comerem dessas iguarias brasileiras por aí, por mais simples que possam parecer, pensem em mim e me mandem, nem que seja só por telepatia, um pedacinho!

3 comentários:

Henrique disse...

Cara, teve bom essa sua explicação sobre as bebidas. Coincidentemente, na segunda à noite uma coreana do yoga chamou a Agatha e eu pra bebermos Makkeolli. Eu perguntei o que era, então ela e as amiguinhas deram risadinhas e disseram que a gente tinha que beber. Acho que tão querendo embebedar nóis!!!

Quanto a essa coxinha... rapaiz do céu... tô salivando aqui só de pensar num requeijão escorrendo... ai ai. Mas é como diz o ditado coreano: "quem não tem cão... é porque já o comeu!".

Gustavo Teles disse...

Milagre existe... nossa! Finalmente voce atualizou!

Ou... acho que eu bebo makkeolli do jeito errado, entao. Porque os coreanos com quem eu tomo umas soh fazem o negocio "rebolar" um pouquinho lah dentro e pronto. Entao eu nunca tive a experiencia do espirro. =P
Ou entao os caras sao profissionais! =D

Maravilha esse festival. Imagine, hein! Comer comida brasileira assim tao... rapido! o.O

Victor Westmann disse...

Oi! Vou tentar acompanhar o seu blog além dos dois caras que comentaram aí em cima escrevem... mas tá ficando muita coisa pra uma pessoa só acompanhar! rs

Curioso que eu to meio que sendo guia de 2 coreanos que estão na minha empresa... Eles são tem gente fina! ^^ Me interessei tanto pela cultura e idioma e tudo o mais que conheci o blog do henrique e depois o do gustavo e agora estou no seu! rs

VOu te mandar via telepatia coxinha, pão de queijo, pastel, caldo de cana, brigadeiro.. CHEGA! Ai que fome! :P

Beijo.

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