Itens compartilhados de Juliano

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Viagem - Mais uma parte

Como tudo foi muito corrido, não escrevi mais durante a viagem. Só fui tomando notas esparsas as quais vou continuar postando por aqui.

16 de agosto

Ao instalarmo-nos confortavelmente no quarto do hotel, saímos à rua à procura de aventuras na recém-chegada China.

Descemos os 12 andares de elevador, saímos do saguão do hotel, e vimo-nos em uma cidade desconhecida por volta das 8 da noite. Que fazer? Sair para fazer reconhecimento de área.

Logo à frente do hotel havia uma grande avenida, que na verdade é um tipo de rodovia que corta a cidade de norte a sul e de leste a oeste, um tipo de Avenida do Contorno (pra quem conhece BH) ou Anel Viário pra quem conhece SP (daqui a alguns anos, porém). Nas cidades chinesas isso parece ser muito comum. Tianjin, que é menor, tem só dois anéis, o número 1 (exterior) e o número 2 (interior). Beijing, por sua vez, tem 7, mas o anel número 1 não conta porque é a avenida que rodeia a Cidade Proibida e a Praça da Paz Celestial (o centro da capital). Mesmo assim, 6 anéis viários dentro da cidade ajudam bastante no desafogo do tráfego. Um caminho que demoraria uma hora, é feito em 30 minutos, mais ou menos. Parece pouca diferença, mas ajuda bastante.

Bem, voltando a Tianjin, logo ao sair do hotel, já nos vimos de frente à primeira aventura da viagem: atravessar a rua. Chegamos ao cruzamento desse anel viário com mais uma meia-dúzia de ruas (um pouco de exagero, mas era a impressão que dava): carros de todos os lados, bicicletas e motos, além de pedestres por todos os lados, num balé orquestrado por um diretor invisível, tudo harmonizado pela sinfonia de buzinas aqui e acolá. Examinamos o processo durante uns minutos e a primeira conclusão a que chegamos era de que o semáforo era quase um enfeite no meio daquela loucura toda. Ninguém se preocupava muito com ele. O semáforo funcionava mais como um tipo de sugestão: "tudo o que se movimenta deste lado deveria passar agora enquanto o que se movimenta do outro lado dá preferência". Não sei se deu pra entender, mas era mais ou menos assim. Além do mais, não havia faixa de pedestres, pelo menos onde estávamos. Então resolvemos escolher o modo mais lógico. Acompanhar os nativos de perto e pisar em suas pegadas (de preferência deixando o nativo para o lado em que o trânsito vinha, mais ou menos como um escudo). E não é que funciona? Passamos por entre os carros, motos, bicicletas e pedestres com certa facilidade, apesar do medinho que tentava se aflorar. Depois de um relativamente longo tempo, conseguimos atravessar todo o cruzamento, parando nas ilhas onde não havia trânsito no meio da rua, e chegamos a uma grande construção que tinha a maior pinta de supermercado. Com meu conhecimento de Ideogramas, só deu pra decifrar que o que eu via escrito na fachada do prédio era só o nome do estabelecimento, o que não esclarecia se era um supermercado ou uma loja de materiais de construção... No entanto, ao chegarmos à porta, vimos que realmente se tratava de um hipermercado com um tiozinho na porta falando um monte de coisa pra gente. Só consegui entender "9 horas! 9 horas!", informando-nos que o mercado fecharia a tal hora. Mas depois continuou falando mais e mais coisas... Depois entendi que era sobre a mochila... Acho que não podia entrar com mochila ou que tinha que deixar a mochila em algum lugar. Mas, olhando nossa cara de dãããã, fez um "tsc-tsc", tipo "ai, esses estrangeiros bobos que não sabem falar nada..." e fez um gesto para que entrássemos.

Supermercado no exterior é uma experiência única. Ainda mais em um lugar como a China onde nos sentimos analfabetos. (Mesmo assim, ainda consigo entender o básico e não tenho tanto problema... O problema foi na Tailândia onde queria comprar um chocolate, não achei, e saí com um iogurte... lá o negócio é trash.)

Acabei saindo do supermercado com uma garrafinha de suco de uvas verdes, um pacote de bolacha e um vidrinho de Nescafé (Nescafé mesmo, que nem esse que tem aí no Brasil, só que escrito em chinês de um lado e em inglês do outro.) Comprei café por ser um item de sobrevivência, já que na China café é quase inexistente, e quando existe, é relativamente caro.

Mas estávamos com fome. E o que comer?

Preferimos ser práticos. Ao invés de entrar em um restaurante chinês e ficar se matando para descobrir o que é cada prato (com nomes tipo "Dragão Dourado que Sobrevoa as Montanhas de Shenzheng com molho de Tesouros Marinhos"... e quando chega é batata doce empanada com camarão... tipo essas coisas...), preferimos ser pragmáticos e saciar a fome de um modo fácil e eficiente: KFC. O Kentucky Fried Chicken, juntamente com o McDonald's abunda em território chinês. E onde tem um, não passam 100 metros sem que esteja o outro. Parece até que combinam de montar as lojas nos mesmos lugares.

Pedimos nossos lanches e no suco, pedimos o especial que eles tinham para o verão. Qual não foi minha surpresa quando tomei o suco e percebi que era: maracujá! Tudo bem, maracujá misturado com outras frutas, mas tinha maracujá lá dentro! Ai, que "diliça"... Depois de dois anos sem saber o que é maracujá por aqui, minhas papilas gustativas se sentiram realizadas pelo prazer que o suco lhes deu. Ótimo! =)

Andamos um pouco mais, descobrimos uma estação de metrô do lado do hotel, vimos nosso primeiro McDonald's (perto do KFC), o qual tinha um mendigo sentado à porta pedindo dinheiro aos riquinhos que tinham dinheiro pra comer lá (o preço em relação ao custo de vida faz esse tipo de comida (McDonald's, KFC, Pizza Hut) ser relativamente bem mais caro do que no Brasil. Mesmo assim, sempre tinha muuuita gente).

Após esse percurso, estávamos cansados e resolvemos então enfrentar a aventura de atravessar as ruas de volta para o hotel. Dessa vez foi mais rápido, só foi difícil achar um escudo humano...

Dormimos para no dia seguinte conhecer um pouquinho de Tianjin e tomarmos rumo à Pequim.

Mas aí já é uma outra história. Fica pra próxima.

T+

2 comentários:

Anônimo disse...

"Dizem que não tenho coração. É falso. Tenho sim, um lindo. Só que não é de banana. Coisinhas à toa não o impressionam; mas ele dói quando vê uma injustiça. Dói tanto, que estou convencida de que o maior mal deste mundo é a injustiça." Emília(M. Lobato)

Anônimo disse...

Um dia vou realizar o meu sonho e conhecer a China. Enquanto isso, amei o seu blog. parabéns

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