Itens compartilhados de Juliano

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Centésima postagem do blog - Viagem

Para comemorar a centésima postagem do meu blog, Kimchi com Café, vou começar a escrever o que fui escrevendo durante a viagem que fiz à China. Aí vai:

15 de agosto de 2008

Há exatos dois anos, no dia 15 de agosto de 2006, estava eu, a uma hora destas (considerando as doze horas de diferença que separam este lado do mundo e o nosso país), apreensivo e imaginando o que estava por vir, já que, em poucas horas, estaria eu tomando o vôo da Canada Air em direção a Seul, com uma "paradinha" de sete horas em Toronto. Depois de cinco anos desde que voltara do Japão, estava eu de novo a caminho da Ásia, desta vez, a caminho da Coréia.

Quem imaginaria, naquela época, que no mesmo dia, dois anos depois, estaria eu embarcando em direção a Pequim? Pois é. Cá estou eu, no momento, em pleno Mar Amarelo (ou Mar do Oeste, como o chamam os coreanos), em direção à Baía de Bohai, com destino a Tianjin.

Tomei o navio no porto de Incheon, a mesma cidade em que se localiza o Aeroporto Internacional mais importante da Coréia. O navio, chamado de "ferry" em inglês e coreano, não é nenhum transatlântico, mas também não é nenhuma balsa Rio-Niterói. O que posso dizer é que é bem maior do que eu imaginava. Estou no sexto deck (sexto andar). Acima de mim, ainda estão o sétimo e o oitavo decks. Os primeiros, de um a cinco, parecem ser usados somente pela tripulação, comportando, imagino eu, a casa de máquinas, compartimentos de carga, estoques e coisas afins.

Nos três decks aos que temos acesso, encontra-se de tudo um pouco para fazer com que a viagem de 23 horas seja um pouco mais agradável. Temos o hall de principal onde ficam o balcão de informações, sala de estar e sala de TV. À direita do hall, em direção à proa, encontram-se os quartos da classe econômica, onde estou alojado. Cada quarto desses é cortado por um corredor central que divide o grande compartimento em duas alas; cada ala, por sua vez, é então dividida por quatro corredores mais. Temos assim em cada compartimento da classe econômica, oito corredores com dois beliches de cada lado, totalizando oito passageiros por corredor, o que dá 64 passageiros por compartimento. Tudo parece ser mais limpo do que imaginava. As camas já estavam arrumadas com lençol branco, travesseiro com fronha também branca e um edredon fino de um violeta claro puxado para o rosa. Cada parte do beliche tem as suas cortinas, que, fechadas, provêem uma certa privacidade, na medida do possível.

Continuando o passeio pelo navio/barco/ferry, encontrei lojas duty-free (com produtos chineses), uma lojinha de conveniência com comida (leia-se bobeirinhas coreanas: bolachas, sucos, cervejas e lamyeon (miojo)). Há também uma cafeteria de nome Chicago, dois restaurantes, sala de jogos com playstations e caça-níqueis eletrônicos. Há também na popa, as áreas abertas, onde podemos ver a Coréia se afastando, algumas gaivotas voando à procura de pessoas que lhes dêem salgadinhos, e onde podemos sentir o vento marítimo batendo em nossos rostos.

Há muito mais o que escrever, muito mais o que descrever do navio/barco/ferry e dos passageiros, mas vou ficando por aqui, afinal são apenas três horas desde que deixamos a Coréia e ainda há longas vinte horas pela frente até que o navio aporte na China. Até lá acho que vai ter bem mais coisa pra escrever.

17 de agosto de 2008

O segundo dia de viagem transcorreu na mais perfeita normalidade. Já acostumados com o barco, o tempo começou a passar mais devagar. Além disso, a fome também começou a apertar. Num esboço de arremedo de economia e também, creio eu, num surto de nostalgia gastronômica de brasileiro, resolvemos, antes da viagem, passar no supermercado e comprar coisas para comer quando a bordo do navio. Eu, então, resolvi comprar pão de forma, presunto e queijo com ketchup e suco. As primeiras duas vezes que comemos, até que tudo bem, mas a terceira já começou a enjoar e resolvemos então partir para a comida coreana que serviam no restaurante do navio. Comemos isso ainda a umas sete horas antes do desembarque e, por força maior, acabamos tendo que nos fartar de misto frio mais uma vez. Sorte que a Eun Bee ainda comprou umas maçãzinhas, o que ajudou a variar.

Por volta das seis e meia da tarde, chegamos ao porto de Tianjin e o barco começou os preparativos para atracar. O porto é enorme e superpopulado, com navios de vários países, milhares deles. Por falta de espaço, o nosso barco chegou de lado e foi empurrado por um barquinho em direção ao cais. Enquanto isso, as filas já se formavam perto do hall principal do navio. Chineses, coreanos e alguns poucos estrangeiros já se preparavam com passaportes, documentos de imigração preenchidos e malas ou mochilas ao alcance das mãos. Nisso, eu já havia deixado minha mochila na fila de bagagens que se formava e Eun Bee estava toda faceira de mochilinha nas costas pra lá e pra cá. Quando passamos pela frente do balcão de informações, a mocinha disse que os estrangeiros (leia-se os não-coreanos) devem sair primeiro e, portanto, devem ficar próximos à porta, e os simples mortais coreanos devem ficar na fila. Acabamos trocando de postos e Eun Bee pegou a fila e eu fiquei todo faceiro com meu mochilão nas costas pra lá e pra cá (perto da porta). Além do que ela ficou desesperada, preocupada se iríamos nos encontar novamente depois do embarque.

Na reuniãozinha de estrangeiros à espera do desembarque, havia vários asiáticos e eu e mais dois ocidentais: um mexicano, Henrique, e um americano de cujo nome me esqueci. Conversamos por alguns minutos e fiquei sabendo que o americano havia sido expulso da Coréia (talvez por questões de visto, não quis entrar em detalhes) e o Mexicano estava numa viagem de volta ao mundo, depois de ter passado um tempo em Londres, vivendo com brasileiros e achando que sabia falar português, só porque falava espanhol e punha "você" no meio. Comentou que chegara em Londres pouco depois do assassinato do Jean Charles e que toda vez que tomava metrô se sentia apreensiv, com medo de confundirem-no com um terrorista árabe.

Desembarcamos. Subimos no ônibus que nos levou ao terminal e chegamos à fila da imigração. Só havia um guichê para estrangeiros, mas mesmo assim foi rápido, já que descemos na primeira leva. Na minha frente foi o americano que foi barrado e chamado para um canto para conversar. Aí fui eu. O policial olhou que olhou meu passaporte (já que a m*rda do passaporte brasileiro, o antigo pelo menos, é bem diferente dos outros passaportes do mundo e eles nunca sabem onde encontrar as informações necessárias), perguntou qual o propósito da minha visita à China, ao respondi ser turismo, olhou de novo minha foto e minha cara, no estilo cara-crachá-cara-crachá-cara-crachá, meteu os carimbos e me mandou entrar em seu país. O mexicano veio em seguida e nisso eu saí um pouco do burburinho para fazer reconhecimento de área. A próxima etapa seria a inspeção de bagagens, raio-x e etcétera e tal. Resolvi esperar por Eun Bee para passarmos juntos pela inspeção já que ela estava com medo de se perder. Pensei que demoraria, mas menos de cinco minutos passados, apareceu a cabecinha dela no mar de cabecinhas sino-coreanas. Finalmente ela passou pela imigração e continuamos nosso caminho pela inspeção de bagagens. Foi só aí que percebi que o mexicano também tinha sido retido para explicações. Passei só eu. Pusemos então nossas malas no raio-x, passamos pelo detector de metal e marchamos rumo à liberdade após 24 horas de navegação.

Saindo do terminal, começou a luta pelos táxis. Um grita, outra grita mais alto, ao que resolvemos sair um pouco do tumulto e aproveitar para tirar umas fotos. Deopis de nos aclimatarmos um pouco à nova realidade, resolvemos pegar um táxi mesmo, já que não tínhamos nenhum tipo de informação de onde estávamos e de onde deveríamos ir, a não ser pelo nome do hotel. O taxista havia dito que por menos de 150 yuans ele não faria a corrida e a informação que tínhamos é que a corrida sairia por volta de 100 yuans. Considerando a situação de falta total de informação, tomamos o bendito táxi que demorou uma eternidade. Mais de uma hora e sessenta quilômetros depois, chegamos ao bendito hotel, uma ilha coreana em meio a Tianjin.

Fim da primeira parte...

Aguardem...

2 comentários:

Rodrigo Feliciano disse...

Só pra falar que consegui comentar antes da Séfora...

Séfora disse...

Tô Feliz (Matei O Presidente) heheh!
Tô Feliz adquiri um basset hound.
kd os outros posts?
e kd vc?

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