Estava eu passeando pela internet quando me deparei com uma atualização do Google Earth e resolvi dar uma olhada.
Vai aqui, vai ali, acabei caindo no Japão. E eis que encontrei meu ex-dormitório por lá. É só deixar o norte do lado direito, na posição de três horas.
Aí vai:
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Minha vida na Coréia: mestrado, viagens, enfim, meus pensamentos com muito café e kimchi. ^^
Itens compartilhados de Juliano
quarta-feira, 18 de março de 2009
quinta-feira, 12 de março de 2009
Adeus, amiga...
Desde quarta passada, estou extremamente chocado com uma notícia que recebi.
Estava simplesmente navegando pela internet, esperando a hora de ir para a aula, quando resolvi entrar no Orkut. Chegando lá, dei de cara com uma notícia que ninguém espera.
Nas singelas palavras da Lili, uma ex-secretária da escola onde dava aula e também uma ex-aluna minha de inglês, li as tristes palavras:
Não consegui entender isso. Parecia que eu não estava entendendo, ou não queria entender. Mas estava lá, claro, na minha frente.
No caso, a Pri mencionada na mensagem nada mais era do que uma menina batalhadora, alegre, de sorriso cativante e que sempre corria atrás do sucesso. Era a pessoa que alegrava a escola, sempre de bom humor, conversando com todos e fazendo nossos momentos na escola mais felizes. Não consigo me lembrar de um momento que vi essa menina triste: até em momentos mais difíceis, ela procurava o lado bom das coisas, fazendo piadas e sorrindo sempre. Nossos papos, a respeito de assuntos triviais, sempre acabavam em gargalhadas que muitas vezes eram censuradas pelos outros professores que estavam em classe, pedindo silêncio.
Conheci a Pri quando trabalhávamos em outra escola, eu como professor e ela como uma secretária faz-tudo, há dez anos, nos idos de 99. Nessa época ela não era mais do que uma "pirralhinha" que nem estava no colegial ainda, mas trabalhava lá porque queria aprender inglês e pediu uma bolsa-trabalho para a escola. Enquanto a grande maioria de seus colegas de escola estavam se divertindo por aí, fazendo sabe-se lá o que, a Pri usava seu tempo livre para estudar mais e trabalhar, principalmente aos sábados! Começou devagarzinho, mas nunca esmoreceu. Sempre em frente, estudando, trabalhando e estudando mais.
No período entre 2000 e 2001, fui morar no Japão e quando voltei já não fui trabalhar mais na mesma escola. Ficamos um tempo sem nos encontrar, quando, de repente, eis que a Priscila aparece para trabalhar na escola onde eu trabalhava. E continuou estudando e estudando, até que, em 2006, quando eu estava me arrumando para vir para a Coreia, ela apareceu com a notícia que estava indo para os EUA como au-pair para, novamente, trabalhar e estudar inglês. Fiquei muitíssimo feliz por ela, menina esforçada que com o próprio suor conseguiu ir atrás de um antigo sonho e concretizá-lo para que novas portas se abrissem em seu futuro.
Depois, cada um em um país, coisas novas para fazer e aprender, acabamos perdendo contato até que em setembro do ano passado, resolvi escrever para ela e perguntar como andavam as coisas e etc. A resposta veio, e ninguém imaginava que essas seriam suas últimas palavras comigo:
Apesar de chocado com tudo isso, resolvi entrar em seu Orkut e deixar uma mensagem, mas não consegui escrever por lá até agora dado o tamanho do susto e a incredulidade do fato de uma pessoa como a Pri partir assim sem mais nem menos. Ao ler as mensagens que já haviam sido deixadas por outros amigos, notei que muitas mencionavam a palavra "justiça". Isso me deixou mais curioso, já que afinal não é todo dia que uma menina alegre falece nos seus vinte e poucos anos!
Resolvi criar coragem e fazer uma pesquisa do seu nome na internet. Qual não foi a surpresa! Vários artigos de jornal que acabaram por me informar sobre o caso.
Priscila foi assassinada! Como pode uma coisa dessas??? É um absurdo! Não é possível que haja um chamado "ser humano" que possa fazer uma coisa dessas com uma menina meiga, alegre e batalhadora como ela!
Ainda pelas notícias dos jornais, fiquei sabendo que ela agora era professora de inglês e estava estudando direito! Sempre batalhando e lutando por uma vida melhor, até que um sujeito desses vem e a assassina a sangue frio dentro de sua própria casa...
É muito absurdo tentar entender algo assim.
Só sei que quero guardar sua imagem sorridente em minha memória.
Adeus, amiga!
Estava simplesmente navegando pela internet, esperando a hora de ir para a aula, quando resolvi entrar no Orkut. Chegando lá, dei de cara com uma notícia que ninguém espera.
Nas singelas palavras da Lili, uma ex-secretária da escola onde dava aula e também uma ex-aluna minha de inglês, li as tristes palavras:
Oi Juliano,
Desculpa avisar por aqui, mas sinto informar que a Pri faleceu na madrugada de sexta-feira.
Sinto muito, meu caro....momento de muita tristeza para todos nos.
Grande abraco.
Não consegui entender isso. Parecia que eu não estava entendendo, ou não queria entender. Mas estava lá, claro, na minha frente.
No caso, a Pri mencionada na mensagem nada mais era do que uma menina batalhadora, alegre, de sorriso cativante e que sempre corria atrás do sucesso. Era a pessoa que alegrava a escola, sempre de bom humor, conversando com todos e fazendo nossos momentos na escola mais felizes. Não consigo me lembrar de um momento que vi essa menina triste: até em momentos mais difíceis, ela procurava o lado bom das coisas, fazendo piadas e sorrindo sempre. Nossos papos, a respeito de assuntos triviais, sempre acabavam em gargalhadas que muitas vezes eram censuradas pelos outros professores que estavam em classe, pedindo silêncio.
Conheci a Pri quando trabalhávamos em outra escola, eu como professor e ela como uma secretária faz-tudo, há dez anos, nos idos de 99. Nessa época ela não era mais do que uma "pirralhinha" que nem estava no colegial ainda, mas trabalhava lá porque queria aprender inglês e pediu uma bolsa-trabalho para a escola. Enquanto a grande maioria de seus colegas de escola estavam se divertindo por aí, fazendo sabe-se lá o que, a Pri usava seu tempo livre para estudar mais e trabalhar, principalmente aos sábados! Começou devagarzinho, mas nunca esmoreceu. Sempre em frente, estudando, trabalhando e estudando mais.
No período entre 2000 e 2001, fui morar no Japão e quando voltei já não fui trabalhar mais na mesma escola. Ficamos um tempo sem nos encontrar, quando, de repente, eis que a Priscila aparece para trabalhar na escola onde eu trabalhava. E continuou estudando e estudando, até que, em 2006, quando eu estava me arrumando para vir para a Coreia, ela apareceu com a notícia que estava indo para os EUA como au-pair para, novamente, trabalhar e estudar inglês. Fiquei muitíssimo feliz por ela, menina esforçada que com o próprio suor conseguiu ir atrás de um antigo sonho e concretizá-lo para que novas portas se abrissem em seu futuro.
Depois, cada um em um país, coisas novas para fazer e aprender, acabamos perdendo contato até que em setembro do ano passado, resolvi escrever para ela e perguntar como andavam as coisas e etc. A resposta veio, e ninguém imaginava que essas seriam suas últimas palavras comigo:
Priscila:
O meu amigo....que saudades....
Não estou mais na terra do tio Bush...longa história!! Tenho que te contar com mais tempo.
E vc como está? Os olhinhos já estão puxadinhos??? Se casou? Volta para o Brasil ainda ou nem???
Para atualizarmos as fofocas me passa o seu msn...acho que não o tenho...e vamos ver se marcamos um horário para entrar.
Beijão
Pri
Apesar de chocado com tudo isso, resolvi entrar em seu Orkut e deixar uma mensagem, mas não consegui escrever por lá até agora dado o tamanho do susto e a incredulidade do fato de uma pessoa como a Pri partir assim sem mais nem menos. Ao ler as mensagens que já haviam sido deixadas por outros amigos, notei que muitas mencionavam a palavra "justiça". Isso me deixou mais curioso, já que afinal não é todo dia que uma menina alegre falece nos seus vinte e poucos anos!
Resolvi criar coragem e fazer uma pesquisa do seu nome na internet. Qual não foi a surpresa! Vários artigos de jornal que acabaram por me informar sobre o caso.
Priscila foi assassinada! Como pode uma coisa dessas??? É um absurdo! Não é possível que haja um chamado "ser humano" que possa fazer uma coisa dessas com uma menina meiga, alegre e batalhadora como ela!
Ainda pelas notícias dos jornais, fiquei sabendo que ela agora era professora de inglês e estava estudando direito! Sempre batalhando e lutando por uma vida melhor, até que um sujeito desses vem e a assassina a sangue frio dentro de sua própria casa...
É muito absurdo tentar entender algo assim.
Só sei que quero guardar sua imagem sorridente em minha memória.
Adeus, amiga!
sexta-feira, 6 de março de 2009
Adendo ao post anterior sobre a língua inglesa...
Como eu estava escrevendo este post em um café e a bateria do laptop já estava no osso, além de ter ficado tarde e eu ter que sair para um outro compromisso, acabei terminando o post "Coreanos e a língua inglesa" meio no vapt-vupt.
O negócio que mais me chama a atenção por aqui são dois, na verdade...
1. A dinheirama gasta com o estudo do inglês e o retorno, praticamente nulo.
2. O tempo gasto para atingir a meta de (não) falar inglês.
É incrível o mercado que se construiu por aqui (assim como em outros países asiáticos que não tiveram a "sorte" de serem colonizados pela Inglaterra ou pelos EUA) ao redor da língua inglesa. No Brasil, até onde estou a par, ainda deixa muito a desejar.
Há muuuuitas escolas de reforço escolar (chamados hagwon) com aulas de inglês desde o pré. Há ainda escolas específicas no ensino de línguas (leia-se 90% inglês) em vários pontos das cidades, principalmente em áreas nobres. O ensino em si é em formato de linha de produção, difícil tanto para os professores quanto para os alunos. Aulas começam às 6 da manhã e vão até tarde da noite, muitas vezes até a meia noite ou mais. Muitos professores trabalham um mínimo de 8 horas seguidas sem parar (só nos intervalinhos de 5 a 10 minutos entre as aulas) e muitos alunos também seguem esse ritmo. Ouvi falar de gente que chega a ter mais de 10 horas de aula em um só dia. E isso, do ponto de vista pedagógico é completamente nulo. Onde já se viu forçar um ser humano a prestar atenção em apenas um assunto durante 10 horas por dia, 5, 6 ou até 7 dias por semana? Depois ainda acham estranho que não dá resultado... Fora o dinheiro que é gasto para se torturar os próprios filhos ou a si mesmos, com pouco ou nenhum resultado...
Além de já terem suas aulas na escola, os alunos são matriculados em cursinhos de reforço e de inglês, estudando praticamente 7 dias por semana e chegando a dormir por volta de 4 horas por dia (principalmente durante o ensino médio). Não têm tempo para mais nada além de estudar, e ainda têm de se virar para poder fazer as lições de casa a tempo. Ai se não fizerem.
E assim vai a Coreia caminhando, com um monte de crianças sem infância e um monte de jovens sem emprego, já que o mercado já não dá conta de absorver toda a demanda, o que faz com que as empresas aumentem cada vez mais o nível de seus "vestibulares" e só aceitem gente que fale inglês melhor que um nativo. E aí os poucos que passam ficam contentes com sua vidinha de chegar às 9 e sair sabe-se lá quando (já que, mesmo não tendo o que fazer, não se deve sair antes do chefe; e o chefe, mesmo não tendo o que fazer, não deve sair cedo para mostrar que está trabalhando para seus subalternos), sem ganhar hora extra, e com alguns dias de férias durante o ano, esperando o dia da aposentadoria, se eles não tiverem um ataque cardíaco antes...
O negócio que mais me chama a atenção por aqui são dois, na verdade...
1. A dinheirama gasta com o estudo do inglês e o retorno, praticamente nulo.
2. O tempo gasto para atingir a meta de (não) falar inglês.
É incrível o mercado que se construiu por aqui (assim como em outros países asiáticos que não tiveram a "sorte" de serem colonizados pela Inglaterra ou pelos EUA) ao redor da língua inglesa. No Brasil, até onde estou a par, ainda deixa muito a desejar.
Há muuuuitas escolas de reforço escolar (chamados hagwon) com aulas de inglês desde o pré. Há ainda escolas específicas no ensino de línguas (leia-se 90% inglês) em vários pontos das cidades, principalmente em áreas nobres. O ensino em si é em formato de linha de produção, difícil tanto para os professores quanto para os alunos. Aulas começam às 6 da manhã e vão até tarde da noite, muitas vezes até a meia noite ou mais. Muitos professores trabalham um mínimo de 8 horas seguidas sem parar (só nos intervalinhos de 5 a 10 minutos entre as aulas) e muitos alunos também seguem esse ritmo. Ouvi falar de gente que chega a ter mais de 10 horas de aula em um só dia. E isso, do ponto de vista pedagógico é completamente nulo. Onde já se viu forçar um ser humano a prestar atenção em apenas um assunto durante 10 horas por dia, 5, 6 ou até 7 dias por semana? Depois ainda acham estranho que não dá resultado... Fora o dinheiro que é gasto para se torturar os próprios filhos ou a si mesmos, com pouco ou nenhum resultado...
Além de já terem suas aulas na escola, os alunos são matriculados em cursinhos de reforço e de inglês, estudando praticamente 7 dias por semana e chegando a dormir por volta de 4 horas por dia (principalmente durante o ensino médio). Não têm tempo para mais nada além de estudar, e ainda têm de se virar para poder fazer as lições de casa a tempo. Ai se não fizerem.
E assim vai a Coreia caminhando, com um monte de crianças sem infância e um monte de jovens sem emprego, já que o mercado já não dá conta de absorver toda a demanda, o que faz com que as empresas aumentem cada vez mais o nível de seus "vestibulares" e só aceitem gente que fale inglês melhor que um nativo. E aí os poucos que passam ficam contentes com sua vidinha de chegar às 9 e sair sabe-se lá quando (já que, mesmo não tendo o que fazer, não se deve sair antes do chefe; e o chefe, mesmo não tendo o que fazer, não deve sair cedo para mostrar que está trabalhando para seus subalternos), sem ganhar hora extra, e com alguns dias de férias durante o ano, esperando o dia da aposentadoria, se eles não tiverem um ataque cardíaco antes...
quinta-feira, 5 de março de 2009
Liberdade, igualdade, fraternidade, ordem e progresso
Estava lendo uma notícia no serviço de língua portuguesa da BBC de Londres e não é que a mesma fez-me pensar de um tempo quando estava na faculdade e uma menina estava conversando comigo e com alguns amigos japoneses (intercambistas). A imagem me veio à mente como um filme. E essa menina dizia assim:
- Ai, Juliano, não sei como você pode gostar desse país (Japão, no caso)... As mulheres são humilhadas, têm que andar atrás de seus maridos, fazer tudo o que eles querem! É um absurdo! Eu prefiro mil vezes mais (sic) o Brasil! Aqui podemos fazer o que queremos, trabalhar onde quisermos...
Não que a situação para estas bandas daqui seja maravilhosa, longe disso, todos têm seus probleminhas. Mas, é que o buraco é mais embaixo...
Segue a notícia para quem quiser ler e refletir.
Brasil ocupa pior colocação em ranking de diferenças salariais entre os sexos
Marcia Bizzotto
De Bruxelas para a BBC Brasil
Mulheres protestam por igualdade salarial no Fórum Social Mundial em Belém, Pará (AFP, 31/1)
Mulheres no Brasil recebem, em média, 34% a menos de homens
As mulheres brasileiras recebem, em média, salários 34% inferiores aos dos homens, a maior diferença registrada entre os 20 países pesquisados para um estudo divulgado nesta quinta-feira pela Confederação Sindical Internacional (CSI), com sede em Bruxelas.
O resultado no Brasil supera a média dos países pesquisados pela CSI, que é de 22% de diferença entre as remunerações entre homens e mulheres durante o ano de 2008.
Calculadas com base em entrevistas realizadas com 300 mil trabalhadores entre 16 e 44 anos de idade em 20 países - 35.152 deles brasileiros -, as estatísticas da CSI contradizem os números oficiais dos governos, segundo os quais as mulheres de todo o mundo ganhariam, em média, 16,5% a menos que os homens.
Segundo a CSI, depois do Brasil a África do Sul é o país com a maior diferença salarial, de 33%, seguida por México e Argentina, onde as mulheres recebem, respectivamente, remunerações 29,8% e 26,1% mais baixas que os homens.
Por outro lado, a Índia é o país onde as condições são menos díspares entre os pesquisados, com uma diferença salarial de 6,3%.
Grã-Bretanha, Dinamarca e Suécia vêm em seguida, com diferenças de 9%, 10,1% e 11%, respectivamente.
Múltiplas causas
Para Sharran Burrow, presidente da CSI, trata-se de um problema de múltiplas causas.
O estudo indica que, de forma geral, as mulheres com um "nível de qualificação superior" enfrentam as maiores diferenças salariais, o que poderia ser atribuído à discriminação no mercado de trabalho, evidente na "maneira como os empregadores concedem promoções aos postos mais altos e nas deficiências em relação à proteção à maternidade".
Segundo o relatório, o resultado também pode ser atribuído "ao fato de que um maior número de mulheres que de homens ocupa postos de trabalho de tempo parcial ou que exijam menor qualificação em relação ao seu nível de estudos (geralmente pior remunerados), porque tem que trabalhar e cuidar da família ao mesmo tempo".
Globalmente, entre 40% e 50% dos entrevistados disseram ter dificuldade para conciliar a vida profissional e familiar. Entre 43% e 57% dessas pessoas eram mulheres, enquanto entre 34% e 40% eram homens.
Isso também faz com que a diferença salarial aumente com a idade, já que "os cargos de alto nível estão relacionados à experiência e aos anos de trabalho", segundo o estudo.
"Os homens têm geralmente mais tempo de trabalho que as mulheres, porque elas geralmente assumem a maior parte das responsabilidades familiares", conclui a pesquisa.
A CSI engloba 312 sindicatos de 157 países, que representam juntos um total de 170 milhões de trabalhadores.
Fonte: BBC http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/03/090304_diferencasalarios_mb_cq.shtml
- Ai, Juliano, não sei como você pode gostar desse país (Japão, no caso)... As mulheres são humilhadas, têm que andar atrás de seus maridos, fazer tudo o que eles querem! É um absurdo! Eu prefiro mil vezes mais (sic) o Brasil! Aqui podemos fazer o que queremos, trabalhar onde quisermos...
Não que a situação para estas bandas daqui seja maravilhosa, longe disso, todos têm seus probleminhas. Mas, é que o buraco é mais embaixo...
Segue a notícia para quem quiser ler e refletir.
Brasil ocupa pior colocação em ranking de diferenças salariais entre os sexos
Marcia Bizzotto
De Bruxelas para a BBC Brasil
Mulheres protestam por igualdade salarial no Fórum Social Mundial em Belém, Pará (AFP, 31/1)
Mulheres no Brasil recebem, em média, 34% a menos de homens
As mulheres brasileiras recebem, em média, salários 34% inferiores aos dos homens, a maior diferença registrada entre os 20 países pesquisados para um estudo divulgado nesta quinta-feira pela Confederação Sindical Internacional (CSI), com sede em Bruxelas.
O resultado no Brasil supera a média dos países pesquisados pela CSI, que é de 22% de diferença entre as remunerações entre homens e mulheres durante o ano de 2008.
Calculadas com base em entrevistas realizadas com 300 mil trabalhadores entre 16 e 44 anos de idade em 20 países - 35.152 deles brasileiros -, as estatísticas da CSI contradizem os números oficiais dos governos, segundo os quais as mulheres de todo o mundo ganhariam, em média, 16,5% a menos que os homens.
Segundo a CSI, depois do Brasil a África do Sul é o país com a maior diferença salarial, de 33%, seguida por México e Argentina, onde as mulheres recebem, respectivamente, remunerações 29,8% e 26,1% mais baixas que os homens.
Por outro lado, a Índia é o país onde as condições são menos díspares entre os pesquisados, com uma diferença salarial de 6,3%.
Grã-Bretanha, Dinamarca e Suécia vêm em seguida, com diferenças de 9%, 10,1% e 11%, respectivamente.
Múltiplas causas
Para Sharran Burrow, presidente da CSI, trata-se de um problema de múltiplas causas.
O estudo indica que, de forma geral, as mulheres com um "nível de qualificação superior" enfrentam as maiores diferenças salariais, o que poderia ser atribuído à discriminação no mercado de trabalho, evidente na "maneira como os empregadores concedem promoções aos postos mais altos e nas deficiências em relação à proteção à maternidade".
Segundo o relatório, o resultado também pode ser atribuído "ao fato de que um maior número de mulheres que de homens ocupa postos de trabalho de tempo parcial ou que exijam menor qualificação em relação ao seu nível de estudos (geralmente pior remunerados), porque tem que trabalhar e cuidar da família ao mesmo tempo".
Globalmente, entre 40% e 50% dos entrevistados disseram ter dificuldade para conciliar a vida profissional e familiar. Entre 43% e 57% dessas pessoas eram mulheres, enquanto entre 34% e 40% eram homens.
Isso também faz com que a diferença salarial aumente com a idade, já que "os cargos de alto nível estão relacionados à experiência e aos anos de trabalho", segundo o estudo.
"Os homens têm geralmente mais tempo de trabalho que as mulheres, porque elas geralmente assumem a maior parte das responsabilidades familiares", conclui a pesquisa.
A CSI engloba 312 sindicatos de 157 países, que representam juntos um total de 170 milhões de trabalhadores.
Fonte: BBC http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/03/090304_diferencasalarios_mb_cq.shtml
terça-feira, 3 de março de 2009
Chinês é português!!! Só faltava a legenda!!!
EXTRA, EXTRA!!! EXPRESSIONANTE!!!
A língua chinesa é na verdade o português falado de forma diferente (assim como os nossos irmãos "d'alãi maire") e nunca nos demos conta disso!
Agora chega algum douto nos dous idiomas e legenda o caso fatídico da senhora que perdeu seu voo de volta à pátria e deu um escarcéu e rodou a baiana em pleno aeroporto.
Com legenda fica bem mais fácil, não???
Com vocês a chinesa maluca no aeroporto:
A similitude dos dous vernáculos é ou não é impressionante???
A língua chinesa é na verdade o português falado de forma diferente (assim como os nossos irmãos "d'alãi maire") e nunca nos demos conta disso!
Agora chega algum douto nos dous idiomas e legenda o caso fatídico da senhora que perdeu seu voo de volta à pátria e deu um escarcéu e rodou a baiana em pleno aeroporto.
Com legenda fica bem mais fácil, não???
Com vocês a chinesa maluca no aeroporto:
A similitude dos dous vernáculos é ou não é impressionante???
Rede adhoc - Ubuntu
Para criar uma rede adhoc ligando dois computadores por meio da placa wifi dos mesmos, basta digitar o seguinte na linha de comando:
O programa dnsmasq automatiza a configuração da rede adhoc sem maiores dores de cabeça, bastando usar o ícone do Gerenciador de Rede criando uma nova rede sem fio.
Mamão com açúcar! ;)
sudo apt-get install dnsmasq-base
O programa dnsmasq automatiza a configuração da rede adhoc sem maiores dores de cabeça, bastando usar o ícone do Gerenciador de Rede criando uma nova rede sem fio.
Mamão com açúcar! ;)
Músicas coreanas
Aí vão algumas músicas que fizeram sucesso nos anos 2008/2009. Não há quem não as ouviu, tanto porque não há como não as ouvir: tocam em todos os cantos da cidade, em lojas, nos carros, em altofalantes nas ruas, nos ônibus, etc...
A primeira é "So Hot":
Depois, "Tell Me":
E ainda, "Nobody But You":
Todas essas são das "Wonder Girls", ou seja, "Meninas Maravilha"...
Tem a Baek Ji Young cantando 총 맞은 것처럼 (Cheong majeun got cheoreom), "Como se tivessem atirado em mim":
Agora tem a Son Dambi com sua música 미쳤어, ou seja "Enlouquecida":
E o atual sucesso que toca em todos os lugares, "Gee Gee Gee" do grupo "Girls' Generation":
Não precisa nem dizer que as menininhas fazem sucesso por aqui também... Pelo menos elas ainda não tem nome de fruta.
A primeira é "So Hot":
Depois, "Tell Me":
E ainda, "Nobody But You":
Todas essas são das "Wonder Girls", ou seja, "Meninas Maravilha"...
Tem a Baek Ji Young cantando 총 맞은 것처럼 (Cheong majeun got cheoreom), "Como se tivessem atirado em mim":
Agora tem a Son Dambi com sua música 미쳤어, ou seja "Enlouquecida":
E o atual sucesso que toca em todos os lugares, "Gee Gee Gee" do grupo "Girls' Generation":
Não precisa nem dizer que as menininhas fazem sucesso por aqui também... Pelo menos elas ainda não tem nome de fruta.
Viagem à China
Achei um post que havia escrito em outubro (!!!) e esquecido de postar, a respeito da viagem à China durante as Olimpíadas. Basta clicar aqui: http://jjunho.blogspot.com/2008/10/viagem-china-ainda-mais-uma-parte.html!
Espero que gostem!
Espero que gostem!
segunda-feira, 2 de março de 2009
Coreanos e a língua inglesa
=Exórdio=
Depois de escrever isto aqui (ainda correndo por causa da bateria do laptop estar no osso), descobri que já havia escrito algo parecido em setembro do ano passado. Serve como complemento a este post. Clique aqui.
=========
O mundo hoje em dia só pensa em inglês, inglês e inglês. Todos dizem que é a língua universal, a língua internacional etc e tal.
Mas, pergunto: chega alguém lá no meio da América Latina em geral e vai falar inglês. Quem responde? Praticamente ninguém. Tem gente aí dizendo, quê isso? Magina! Claro que tem um ou outro que vai responder... É. Pode até ser. Mas aí o sujeito tem que ter sorte, já que estatisticamente o resultado é bem próximo a zero. Sei disso, por ter um dia feito uma pesquisa (pessoal) a respeito deste assunto. Fui às ruas de São Paulo próximo a um distrito que se pode chamar de rico (região da Av. Faria Lima), onde se encontram várias empresas, gente engravatada, o Shopping Iguatemi com suas vitrines escritas em inglês ("Sale", "50% off!"...). E comecei a interpelar as pessoas em inglês para ver quem me respondia. Em umas quase quatro horas que fiquei por lá só tive resposta positiva de alguns pouquíssimos gatos pingados, menos de 5 pessoas dentre centenas...
Na Coreia não é diferente. Se alguém chega por aqui falando inglês pode até ser que tenha mais sorte que em nosso Brasil varonil, mas mesmo assim, pouquíssima gente fala inglês. No entanto, todo mundo, isto é, TODO MUNDO estuda inglês. Talvez influência do exército americano que tanto fez para manter os comunistas fora da parte sul da península coreana, tornando possível o milagre econômico que se deu por aqui nos últimos 30 anos. As crianças já nascem escutando inglês no útero das mães, vão à escola onde têm aulas de inglês, vão aos hagwons (escolas particulares de reforço) e estudam mais inglês, vão a escolas especializadas só em inglês e estudam mais um pouco... Quando crescem um pouco mais, os pais os mandam ao exterior (leia-se Estados Unidos) e lá estudam anos e anos e depois que voltam, das duas uma: ou não falam inglês ainda por terem passado muito tempo com coreanos, ou voltam completamente "desadaptados" à vida coreana, sentindo-se peixes fora d'água em seu próprio país.
Tá, mas e daí? E daí que tá pra ter povo mais nacionalista e patriota que os coreanos. Mas isso não num sentido ruim como o nacionalismo nazista ou uma xenofobia gratuita. Isso se deu graças ao sentimento de sobrevivência do povo coreano durante milênios presos em uma pequena península ao lado de dois enormes impérios (China e Rússia) e mais o Japão do outro lado do mar (descontando ainda os Mongóis e outros durante a looonga história do povo coreano). Se não fosse por esse nacionalismo, no sentido de serem um povo, uma nação, os coreanos já teriam sido de há muito absorvidos pelos chineses, russos, chineses e a Coreia, como país, nunca teria existido. No entanto, isso não aconteceu. Eles foram cabeças-duras e teimosos e conseguiram trazer seu país ao ponto que chegou com muita luta e muita briga e muito patriotismo e sentimento de nação.
Agora, depois de tudo isso, eu, como estrangeiro, enxergando a sociedade coreana de um ponto de vista destacado, vejo que tudo isso que eles conseguiram está aos poucos se deteriorando e se perdendo graças à invasão econômico-cultural dos EUA. Não que isso se passe somente aqui, isso está acontecendo em muitos países ao redor do mundo, mas aqui eu sinto isso de uma forma bem mais forte. Até mesmo comparando ao Japão (tudo bem que já são oito anos desde que saí de lá), mas isso não me parecia TÃO forte como o que sinto por aqui. E o ápice dessa perda de dignidade nacional se mostra bem claramente no "desespero mortal" ao qual os coreanos se jogam para aprender o famigerado inglês.
Aqui, sem inglês, não se consegue nada na vida. Qualquer tipo de cargo público passa por uma avaliação de inglês mesmo que o sujeito trabalhe em uma pequena vilazinha no interior do país e nunca vá ver um só "estrangeiro" durante todo o resto de sua vida. Não importa se as notas da faculdade ou do mestrado tenham sido ótimas, se o candidato não tiver um exame de inglês (geralmente o TOEIC) com uma nota ótima. Em não tendo, o currículo é simplesmente jogado no lixo.
O argumento de que lançam mão é o de que ninguém fala coreano e o inglês é importante para se fazer negócios. Então se se desejar um posto em alguma boa empresa, é necessário ter um certificado com altíssimas notas em inglês. (Aí eu me pergunto: quantas pessoas ativamente precisam de usar inglês nessas empresas? É impossível que todo o contingente de empregados devam entrar em contato com compradores estrangeiros...) Isso tudo me é muito estranho e o problema é que ninguém questiona isso. Muitas vezes a pessoa é altamente capaz para desempenhar o trabalho, mas por falta de uma boa nota em inglês esta mesma pessoa é simplesmente ignorada, não podendo ao menos se defender e mostrar do que é capaz.
Isso tudo cria um mercado de exames (o qual é altamente desenvolvido neste país) e escolas preparatórias (têm cursinhos para tudo). Então, o que é que acontece? Eles vão a esses cursinhos para aprender a passar no exame e não para aprender o assunto em questão. Conheci pessoas que tinham notas altíssimas em seus certificados do TOEIC, mas que não eram capazes de se comunicar da forma mais básicas, uma vez que haviam decorado as respostas de todos os exames passados e só preencheram A, B, C, D nos testes, sem ao menos entender o porquê da resposta ser aquela.
Aqui estou enfatizando o inglês, mas, de uma forma geral, as outras coisas são resolvidas de forma semelhante. No entanto, o que me preocupa muito é o gasto de tempo e de dinheiro que os coreanos despendem com o inglês e por tal motivo negligenciam outras coisas mais básicas e de mais valor.
No caso dos coreanos que enviam seus filhos ao exterior, essas crianças crescem em um meio estranho, aprendem muito bem as outras culturas (principalmente a estadunidense) e quando voltam não se adaptam bem à realidade e à cultura coreana, não tendo aprendido sua história, sua geografia, seus modos e costumes. Isso vai completamente de encontro ao que os coreanos vieram lutando durante milênios como uma nação e agora, por causa dessa mudança brusca de foco para o individualismo, o povo coreano parece estar perdendo muito de sua cultura, de sua história, de seu futuro. Eu muitas vezes me sinto triste quando converso com meus amigos e muitos deles ou não dão valor ou não sabem a respeito da cultura ou da história de seu próprio povo. As tradições e até mesmo a própria língua estão se transformando de uma maneira muito rápida, graças ao desdém presente no sistema educacional que só dá valor aos resultados e não ao processo.
Agora chego a um ponto que nos é importante como brasileiros. Nosso país, assim como a Coreia, parece estar passando por um processo semelhante. Principalmente na área da educação. Não digo que estejamos no mesmo pé dos coreanos, mas parece que esta tendência também está mostrando sua carinha por aí também. Às vezes tenho medo do que está por vir e de que o mundo se pasteurize igualando as culturas e o modo de viver dos diferentes povos. No caso do Brasil, parece ser um pouco mais difícil também pelo fato de o nosso país ser maior e de termos uma cultura variada que ainda se mostra mais ativa. No entanto, a questão da educação é o que mais me faz pensar. A difusão do modo "cursinho" de educação, onde já não ensinam mais o aluno a pensar, e sim a resolver questões da FUVEST/UFMG e etcéteras... Na minha época (olha só... já pareço aqueles velhos ranzinzas reclamando das novas gerações) eu me preocupava em entender e aprender o que me era ensinado, pensando e analisando. Hoje se analisa qual a alternativa dá para ser eliminada. Estaremos nós também marchando em direção ao modelo de educação coreana, à memorização, à pasteurização? Não se é de admirar o fato de os resultados das olimpíadas de matemática e similares terem seus melhores resultados vindos daqui do oriente: a memorização é extremamente desenvolvida por aqui, mas o pensamento crítico e lógico, nem tanto. A desumanização do estudo é alta e os resultados são ótimos para estatísticas. No entanto, o ser humano fica devendo um monte para com a sociedade e o fortalecimento de sua própria nação. Exatamente o contrário do que os coreanos vivem pregando no melhor estilo do "faça o que eu digo, não faça o que eu faço".
PS: Por estar eu atualmente imerso na sociedade coreana, gostaria de afirmar que estas são minhas humildes impressões a respeito dos coreanos. No caso do Japão, já saí de lá há muito tempo e muitas impressões se perderam ou se fundiram com minhas novas impressões daqui. Entretanto, me parece que muito do que se aplica por aqui no quesito educção pode também ser aplicado à China e ao Japão também. O que mais me choca mesmo é a perda quase total da cultura coreana em favor à ocidentalização (leia-se americanização). Aqui cultura coreana só se vê em parques de diversão e vilas culturais que tentam recriar essa tradição que a cada dia se torna mais e mais "brega" para os próprios coreanos. É muito estranho isso porque eles sempre dizem que a Coreia é única com sua cultura única e muitos outros blá-blá-blás que quando a gente chega por aqui fica procurando mas não acha... Ai, ai... que pena...
Depois de escrever isto aqui (ainda correndo por causa da bateria do laptop estar no osso), descobri que já havia escrito algo parecido em setembro do ano passado. Serve como complemento a este post. Clique aqui.
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O mundo hoje em dia só pensa em inglês, inglês e inglês. Todos dizem que é a língua universal, a língua internacional etc e tal.
Mas, pergunto: chega alguém lá no meio da América Latina em geral e vai falar inglês. Quem responde? Praticamente ninguém. Tem gente aí dizendo, quê isso? Magina! Claro que tem um ou outro que vai responder... É. Pode até ser. Mas aí o sujeito tem que ter sorte, já que estatisticamente o resultado é bem próximo a zero. Sei disso, por ter um dia feito uma pesquisa (pessoal) a respeito deste assunto. Fui às ruas de São Paulo próximo a um distrito que se pode chamar de rico (região da Av. Faria Lima), onde se encontram várias empresas, gente engravatada, o Shopping Iguatemi com suas vitrines escritas em inglês ("Sale", "50% off!"...). E comecei a interpelar as pessoas em inglês para ver quem me respondia. Em umas quase quatro horas que fiquei por lá só tive resposta positiva de alguns pouquíssimos gatos pingados, menos de 5 pessoas dentre centenas...
Na Coreia não é diferente. Se alguém chega por aqui falando inglês pode até ser que tenha mais sorte que em nosso Brasil varonil, mas mesmo assim, pouquíssima gente fala inglês. No entanto, todo mundo, isto é, TODO MUNDO estuda inglês. Talvez influência do exército americano que tanto fez para manter os comunistas fora da parte sul da península coreana, tornando possível o milagre econômico que se deu por aqui nos últimos 30 anos. As crianças já nascem escutando inglês no útero das mães, vão à escola onde têm aulas de inglês, vão aos hagwons (escolas particulares de reforço) e estudam mais inglês, vão a escolas especializadas só em inglês e estudam mais um pouco... Quando crescem um pouco mais, os pais os mandam ao exterior (leia-se Estados Unidos) e lá estudam anos e anos e depois que voltam, das duas uma: ou não falam inglês ainda por terem passado muito tempo com coreanos, ou voltam completamente "desadaptados" à vida coreana, sentindo-se peixes fora d'água em seu próprio país.
Tá, mas e daí? E daí que tá pra ter povo mais nacionalista e patriota que os coreanos. Mas isso não num sentido ruim como o nacionalismo nazista ou uma xenofobia gratuita. Isso se deu graças ao sentimento de sobrevivência do povo coreano durante milênios presos em uma pequena península ao lado de dois enormes impérios (China e Rússia) e mais o Japão do outro lado do mar (descontando ainda os Mongóis e outros durante a looonga história do povo coreano). Se não fosse por esse nacionalismo, no sentido de serem um povo, uma nação, os coreanos já teriam sido de há muito absorvidos pelos chineses, russos, chineses e a Coreia, como país, nunca teria existido. No entanto, isso não aconteceu. Eles foram cabeças-duras e teimosos e conseguiram trazer seu país ao ponto que chegou com muita luta e muita briga e muito patriotismo e sentimento de nação.
Agora, depois de tudo isso, eu, como estrangeiro, enxergando a sociedade coreana de um ponto de vista destacado, vejo que tudo isso que eles conseguiram está aos poucos se deteriorando e se perdendo graças à invasão econômico-cultural dos EUA. Não que isso se passe somente aqui, isso está acontecendo em muitos países ao redor do mundo, mas aqui eu sinto isso de uma forma bem mais forte. Até mesmo comparando ao Japão (tudo bem que já são oito anos desde que saí de lá), mas isso não me parecia TÃO forte como o que sinto por aqui. E o ápice dessa perda de dignidade nacional se mostra bem claramente no "desespero mortal" ao qual os coreanos se jogam para aprender o famigerado inglês.
Aqui, sem inglês, não se consegue nada na vida. Qualquer tipo de cargo público passa por uma avaliação de inglês mesmo que o sujeito trabalhe em uma pequena vilazinha no interior do país e nunca vá ver um só "estrangeiro" durante todo o resto de sua vida. Não importa se as notas da faculdade ou do mestrado tenham sido ótimas, se o candidato não tiver um exame de inglês (geralmente o TOEIC) com uma nota ótima. Em não tendo, o currículo é simplesmente jogado no lixo.
O argumento de que lançam mão é o de que ninguém fala coreano e o inglês é importante para se fazer negócios. Então se se desejar um posto em alguma boa empresa, é necessário ter um certificado com altíssimas notas em inglês. (Aí eu me pergunto: quantas pessoas ativamente precisam de usar inglês nessas empresas? É impossível que todo o contingente de empregados devam entrar em contato com compradores estrangeiros...) Isso tudo me é muito estranho e o problema é que ninguém questiona isso. Muitas vezes a pessoa é altamente capaz para desempenhar o trabalho, mas por falta de uma boa nota em inglês esta mesma pessoa é simplesmente ignorada, não podendo ao menos se defender e mostrar do que é capaz.
Isso tudo cria um mercado de exames (o qual é altamente desenvolvido neste país) e escolas preparatórias (têm cursinhos para tudo). Então, o que é que acontece? Eles vão a esses cursinhos para aprender a passar no exame e não para aprender o assunto em questão. Conheci pessoas que tinham notas altíssimas em seus certificados do TOEIC, mas que não eram capazes de se comunicar da forma mais básicas, uma vez que haviam decorado as respostas de todos os exames passados e só preencheram A, B, C, D nos testes, sem ao menos entender o porquê da resposta ser aquela.
Aqui estou enfatizando o inglês, mas, de uma forma geral, as outras coisas são resolvidas de forma semelhante. No entanto, o que me preocupa muito é o gasto de tempo e de dinheiro que os coreanos despendem com o inglês e por tal motivo negligenciam outras coisas mais básicas e de mais valor.
No caso dos coreanos que enviam seus filhos ao exterior, essas crianças crescem em um meio estranho, aprendem muito bem as outras culturas (principalmente a estadunidense) e quando voltam não se adaptam bem à realidade e à cultura coreana, não tendo aprendido sua história, sua geografia, seus modos e costumes. Isso vai completamente de encontro ao que os coreanos vieram lutando durante milênios como uma nação e agora, por causa dessa mudança brusca de foco para o individualismo, o povo coreano parece estar perdendo muito de sua cultura, de sua história, de seu futuro. Eu muitas vezes me sinto triste quando converso com meus amigos e muitos deles ou não dão valor ou não sabem a respeito da cultura ou da história de seu próprio povo. As tradições e até mesmo a própria língua estão se transformando de uma maneira muito rápida, graças ao desdém presente no sistema educacional que só dá valor aos resultados e não ao processo.
Agora chego a um ponto que nos é importante como brasileiros. Nosso país, assim como a Coreia, parece estar passando por um processo semelhante. Principalmente na área da educação. Não digo que estejamos no mesmo pé dos coreanos, mas parece que esta tendência também está mostrando sua carinha por aí também. Às vezes tenho medo do que está por vir e de que o mundo se pasteurize igualando as culturas e o modo de viver dos diferentes povos. No caso do Brasil, parece ser um pouco mais difícil também pelo fato de o nosso país ser maior e de termos uma cultura variada que ainda se mostra mais ativa. No entanto, a questão da educação é o que mais me faz pensar. A difusão do modo "cursinho" de educação, onde já não ensinam mais o aluno a pensar, e sim a resolver questões da FUVEST/UFMG e etcéteras... Na minha época (olha só... já pareço aqueles velhos ranzinzas reclamando das novas gerações) eu me preocupava em entender e aprender o que me era ensinado, pensando e analisando. Hoje se analisa qual a alternativa dá para ser eliminada. Estaremos nós também marchando em direção ao modelo de educação coreana, à memorização, à pasteurização? Não se é de admirar o fato de os resultados das olimpíadas de matemática e similares terem seus melhores resultados vindos daqui do oriente: a memorização é extremamente desenvolvida por aqui, mas o pensamento crítico e lógico, nem tanto. A desumanização do estudo é alta e os resultados são ótimos para estatísticas. No entanto, o ser humano fica devendo um monte para com a sociedade e o fortalecimento de sua própria nação. Exatamente o contrário do que os coreanos vivem pregando no melhor estilo do "faça o que eu digo, não faça o que eu faço".
PS: Por estar eu atualmente imerso na sociedade coreana, gostaria de afirmar que estas são minhas humildes impressões a respeito dos coreanos. No caso do Japão, já saí de lá há muito tempo e muitas impressões se perderam ou se fundiram com minhas novas impressões daqui. Entretanto, me parece que muito do que se aplica por aqui no quesito educção pode também ser aplicado à China e ao Japão também. O que mais me choca mesmo é a perda quase total da cultura coreana em favor à ocidentalização (leia-se americanização). Aqui cultura coreana só se vê em parques de diversão e vilas culturais que tentam recriar essa tradição que a cada dia se torna mais e mais "brega" para os próprios coreanos. É muito estranho isso porque eles sempre dizem que a Coreia é única com sua cultura única e muitos outros blá-blá-blás que quando a gente chega por aqui fica procurando mas não acha... Ai, ai... que pena...
Bem, até que às vezes é fácil mesmo...
Oi, gente!
Olha só! Dois posts no mesmo dia! (Cuidado que vai chover!)
Bem, estou agora escrevendo-vos de um café na região do Dongdaemun (동대문/東大門), região famosa em toda a Coréia por seus estabelecimentos comerciais. Na verdade, o nome Dongdaemun significa ao pé da letra "Grande Portão do Leste", e fica justamente ao lado de tal portão que ainda sobrevive às intempéries do tempo e da história. O portão em si era literalmente a porta de entrada aos reles plebeus que queriam vir à capital do reino coreano de antanho e, por ser uma região de alta concentração de pessoas passantes e ficantes, era justamente onde os viajantes traziam suas mercadorias do interior para comercializar com os moradores da capital. A capital ficava encerrada dentro de grandes muralhas que protegiam os palácios e seus nobres moradores. Seul naquela época possuía (ainda tem acento neste caso???) três grandes portões: o do Leste (aqui), o do Sul (perto de outro grande e tradicional mercado) e o do Oeste. O do Norte existia, mas ficava no topo de uma grande montanha ao norte do palácio do Rei e, por ser de difícil acesso, só era usado basicamente pelos militares que protegiam os limites da cidade. Além desses, havia ainda outros menores, sem a denominação "Grande" que eram posicionados em pontos colaterais como Nordeste, Sudeste, Sudoeste e Noroeste, mas por serem de menor importância, não sobreviveram à voracidade do crescimento urbano (e também voracidade dos colonizadores japoneses) dado durante o século XX.
A propósito, falando sobre o nome do Portão, seu nome oficial não é Dongdaemun (apesar de ser este o mais reconhecido e usado por todos); o nome oficial é 興仁之門 (흥인지문/Heung-in-ji-mun), ou seja, o Portão da Benevolência Ascendente. E, ainda, falando de nomes, sabiam que Seul, o nome da cidade capital da República da Coréia, significa nada mais nada menos do que... "Capital"? É o nome menos criativo para se dar a uma capital, na minha opinião. No entanto, por seu uso como nome próprio, a palavra 서울 (Seoul) tem perdido seu valor de capital, já sendo estranho se dizemos que a "seoul" do Brasil é Brasília, algo que até algumas décadas atrás teria sido extremamente natural. Hoje em dia se usa a palavra chinesa 수도 (首都/Sudo) como o substantivo comum "capital". Antigamente, no entanto, Seul já teve vários outros nomes que são utililzados às vezes como nomes de universidades, restaurantes... coisas do gênero. Outra curiosidade é que Seul é um dos pouquíssimos nomes geográficos da Coréia que não têm origem chinesa: a grande maioria das cidades, bairros, vilas e etcéteras têm seu nome originado em caracteres chineses, mas Seul não; Seul é uma palavra considerada 100% coreana. O último nome usado por Seul com base em caracteres chineses foi 경성 (京城/Gyeongseong - literalmente significando "Cidade Capital", mas cidade no sentido antigo de castelos fortificados protegidos por muros junto com a população que vive dentro dos limites das muralhas) até o período da ocupação japonesa. Antes disso, durante a dinastia Joseon, era usado o nome 한양 (漢陽/Hanyang - essa é um pouco difícil de traduzir dada a infinidade de significados de cada caracter que forma o nome da cidade: han pode significar um tipo de água (hansu) e é também o nome do rio que banha a cidade (rio Han) o que torna este o significado mais apropriado em minha humilde opinião; yang, por sua vez, pode significar o sol, os raios solares, a força positiva do sol que fertiliza a terra e consequentemente a força Yang (aquela do Yin/Yang), sendo talvez, portanto, o "Brilho do rio Han"). Outro nome foi 한성 (漢城/Hanseong - de novo o caracter Han, desta vez acompanhado por Seong, cidade, portanto: a "Cidade do rio Han"). Este é o nome que ainda é usado tradicionalmente pelos chineses, mas aí entra um problema que 한/漢 é também o caracter de uma dinastia chinesa que foi o embrião da china moderna e que também nomeia a etnia Han chinesa que é a parte dominante do povo chinês, constituindo 92% da população chinesa com 1.2 bilhão de pessoas. Aí eu digo: e os coreanos gostam de ter sua capital com um nome que lembra tanto a China para os próprios chineses? Claro que não. E aí, o que fizeram? Mandaram os chineses mudarem a forma como se dirigem à capital coreana, mudaram a língua chinesa, dizendo-lhes para chamarem a capital coreana de 首爾/首而(Shǒuèr) que lembra o som "Seoul" e usa um caracter que pode significar capital/principal (mas significa de verdade "pescoço"). Apesar de ter tido outros nomes, estes foram os mais importantes. E que bagunça, né? No final, acho que eles se cansaram de tantos nomes e falaram, a capital vai ser "Capital" e acabou!
Qualquer coisa, tem a Wikipédia. Basta dar uma olhada por lá.
Olha só! Dois posts no mesmo dia! (Cuidado que vai chover!)
Bem, estou agora escrevendo-vos de um café na região do Dongdaemun (동대문/東大門), região famosa em toda a Coréia por seus estabelecimentos comerciais. Na verdade, o nome Dongdaemun significa ao pé da letra "Grande Portão do Leste", e fica justamente ao lado de tal portão que ainda sobrevive às intempéries do tempo e da história. O portão em si era literalmente a porta de entrada aos reles plebeus que queriam vir à capital do reino coreano de antanho e, por ser uma região de alta concentração de pessoas passantes e ficantes, era justamente onde os viajantes traziam suas mercadorias do interior para comercializar com os moradores da capital. A capital ficava encerrada dentro de grandes muralhas que protegiam os palácios e seus nobres moradores. Seul naquela época possuía (ainda tem acento neste caso???) três grandes portões: o do Leste (aqui), o do Sul (perto de outro grande e tradicional mercado) e o do Oeste. O do Norte existia, mas ficava no topo de uma grande montanha ao norte do palácio do Rei e, por ser de difícil acesso, só era usado basicamente pelos militares que protegiam os limites da cidade. Além desses, havia ainda outros menores, sem a denominação "Grande" que eram posicionados em pontos colaterais como Nordeste, Sudeste, Sudoeste e Noroeste, mas por serem de menor importância, não sobreviveram à voracidade do crescimento urbano (e também voracidade dos colonizadores japoneses) dado durante o século XX.
A propósito, falando sobre o nome do Portão, seu nome oficial não é Dongdaemun (apesar de ser este o mais reconhecido e usado por todos); o nome oficial é 興仁之門 (흥인지문/Heung-in-ji-mun), ou seja, o Portão da Benevolência Ascendente. E, ainda, falando de nomes, sabiam que Seul, o nome da cidade capital da República da Coréia, significa nada mais nada menos do que... "Capital"? É o nome menos criativo para se dar a uma capital, na minha opinião. No entanto, por seu uso como nome próprio, a palavra 서울 (Seoul) tem perdido seu valor de capital, já sendo estranho se dizemos que a "seoul" do Brasil é Brasília, algo que até algumas décadas atrás teria sido extremamente natural. Hoje em dia se usa a palavra chinesa 수도 (首都/Sudo) como o substantivo comum "capital". Antigamente, no entanto, Seul já teve vários outros nomes que são utililzados às vezes como nomes de universidades, restaurantes... coisas do gênero. Outra curiosidade é que Seul é um dos pouquíssimos nomes geográficos da Coréia que não têm origem chinesa: a grande maioria das cidades, bairros, vilas e etcéteras têm seu nome originado em caracteres chineses, mas Seul não; Seul é uma palavra considerada 100% coreana. O último nome usado por Seul com base em caracteres chineses foi 경성 (京城/Gyeongseong - literalmente significando "Cidade Capital", mas cidade no sentido antigo de castelos fortificados protegidos por muros junto com a população que vive dentro dos limites das muralhas) até o período da ocupação japonesa. Antes disso, durante a dinastia Joseon, era usado o nome 한양 (漢陽/Hanyang - essa é um pouco difícil de traduzir dada a infinidade de significados de cada caracter que forma o nome da cidade: han pode significar um tipo de água (hansu) e é também o nome do rio que banha a cidade (rio Han) o que torna este o significado mais apropriado em minha humilde opinião; yang, por sua vez, pode significar o sol, os raios solares, a força positiva do sol que fertiliza a terra e consequentemente a força Yang (aquela do Yin/Yang), sendo talvez, portanto, o "Brilho do rio Han"). Outro nome foi 한성 (漢城/Hanseong - de novo o caracter Han, desta vez acompanhado por Seong, cidade, portanto: a "Cidade do rio Han"). Este é o nome que ainda é usado tradicionalmente pelos chineses, mas aí entra um problema que 한/漢 é também o caracter de uma dinastia chinesa que foi o embrião da china moderna e que também nomeia a etnia Han chinesa que é a parte dominante do povo chinês, constituindo 92% da população chinesa com 1.2 bilhão de pessoas. Aí eu digo: e os coreanos gostam de ter sua capital com um nome que lembra tanto a China para os próprios chineses? Claro que não. E aí, o que fizeram? Mandaram os chineses mudarem a forma como se dirigem à capital coreana, mudaram a língua chinesa, dizendo-lhes para chamarem a capital coreana de 首爾/首而(Shǒuèr) que lembra o som "Seoul" e usa um caracter que pode significar capital/principal (mas significa de verdade "pescoço"). Apesar de ter tido outros nomes, estes foram os mais importantes. E que bagunça, né? No final, acho que eles se cansaram de tantos nomes e falaram, a capital vai ser "Capital" e acabou!
Qualquer coisa, tem a Wikipédia. Basta dar uma olhada por lá.
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