Parece até gente... 아저씨...
Continuando a novela de ontem: notícias.
Recebi alta da banca examinadora! :)
Examinaram minha tese e disseram-me que, no meu caso, comparado com o do outro carinha que fez sua defesa hoje também, não será necessária uma segunda sessão. Minha tese está defendida e ponto.
Contanto, no entanto, entretando, todavia... tenho que fazer grandes correções tanto na estrutura da dissertação quanto no conteúdo. Nada de muito grave, mas que dará um certo trabalhinho. Tudo deverá estar pronto até no máximo em duas semanas, com uma versão de rascunho a ser entregue a meu orientador na próxima sexta.
O chefe(?) da banca (não me lembro qual a palavra que usamos em português para 위원장/委員長), o qual nunca é o orientador (o orientador é sempre o vice 부위원장/副委員長), primeiro me perguntou qual era a minha tese (pergunta mais do que retórica) ao que dei as explicações (em coreano!, apesar de ter escrito a tese em inglês). Em seguida ele me disse: então por que é que você escreveu isto, isso e aquilo aqui, ali e lá? Dei toda a razão a ele e disse-lhe que eu também havia pensado nisso, mas que não sabia exatamente o que fazer já que minha pesquisa era assim-assado e o achava que o que esperavam de mim era assado-assim. Explicando melhor. Meu curso é de linguística: linguística computacional. Minha pesquisa é sobre um programa de auxílio à pesquisa de língua natural focado em dados sobre a língua coreana. Tem a ver... mas é algo que as pessoas não fazem muito por aqui: produção de software. Por aqui o software é sempre secundário, até mesmo terciário, o importante é a hipótese levantada e a prova de que ela não seja refutada (pelo menos, não neste trabalho). O negócio é que minha tese era a criação de um programa (na verdade, uma biblioteca de software) que ajudará em futuras pesquisas linguísticas. Não tenho como apresentar experimentos, pelo menos não experimentos similares aos quais o pessoal daqui está acostumado. Meu programa está pronto, e há muito tempo, diga-se de passagem, mas os dados que ele necessita para poder funcionar ainda estão sendo processados e analizados. Com isso, não posso fazer milagre. Meu programa funciona, e bem (diga-se de passagem de novo), com o que ele tem e com o que ele terá assim que o trabalho de criação dos dados termine (o que levará muuuito tempo ainda, na minha opinião).
Voltando à vaca congelada, o chefe da banca me perguntou o seguinte: "Então, meu filho, por que é que, se você criou um programa para o auxílio à pesquisa linguística da língua coreana, você não escreveu detalhadamente sobre isso? Por que é que você não exemplicou o funcionamento do programa na sua tese? Por que é que não há menções do funcionamento técnico e nem capturas de tela do software? Nessa hora, eu quis virar para o meu (des)orientador e fazer uma cara bem feia (para não dizer que eu queria mesmo era esguelá-lo), e virar de volta ao chefe da banca e informar-lhe que fiz isso por orientação do (des)orientador. Este último me mandou escrever sobre a construção dos dados, sobre comparação dos dados por nós conseguidos com os dados de trabalhos anteriores, sobre o trabalho de checagem dos dados, sobre os resultados obtidos por outras pessoas que fizeram experimentos usando os dados... Enfim, ele me mandou escrever tudo o que não tinha muito a ver com a minha pesquisa em si. E, na hora da defesa, vem alguém com uma luz de sabedoria e me diz que eu estava certo e que deveria ter ficado nesse meu rumo mesmo.
Isso que disse sobre ter de ficar no rumo que eu estava seguindo é porque quando comecei a escrever minha tese de verdade, nos idos de abril, eu estava seguindo exatamente esse caminho. A explicação da minha pesquisa, do meu programa, do trabalho que eu havia vindo feito por mais de um ano (Quem acompanha o blogue sabe do que estou falando). E quando mostrei isso ao profe e em duas apresentações a pessoas do departamento, todos estes me disseram que isso não trazia quase nada de contribuição à pesquisa linguística, que era apenas um monte de software que ninguém nunca vai usar, perguntavam-me por que é que eu estava fazendo isso ao invés de fazer algo que prestasse... claro que não com essas mesmas palavras, mas com esse sentido. Eu me desanimei de forma absurda, não acreditava que iria ser possível escrever nada que prestasse já que o trabalho que eu havia vindo fazendo há mais de um ano não era bom o suficiente para o departamento de linguística, já tinha me conformado em ficar mais um semestre por aqui (sem bolsa e me virando!) para poder ter a chance de mudar meu tópico e descobrir algo que fosse de interesse... Foi aí quando "ele" me disse: "Tudo bem... É só escrever sobre isto aqui, deste jeito assim, que sai uma tese... Além disso, aproveita e pega os "dados" e descobre um jeito de fazer "assim-assim" com eles pra ver se dá pra fazer "um negócio assim"..." (Tradução literal de "seu" modo de falar.) E não é que eu ainda saí com mais coisa ainda pra fazer além do meu tópico inicial? Ele fez que fez para que eu botasse o raio dos dados no meio e escrever algo muito parecido com um artigo que ele já tinha escrito há um ano atrás. Me pareceu que o que ele queria uma confirmação desse artigo por meio da minha tese. Coisas estranhas.
De qualquer forma, agora, posso seguir meu rumo, o qual havia traçado há tempos, e que agora sei que era o rumo correto a seguir. Devo fazer minhas correções e acréscimos no período de uma semana, e ao fim de mais uma semana, receber o carimbo (literalmente, já que no oriente o carimbo é mais importante que a assinatura) de aprovação dos três componentes da banca. Daí é só partir pro abraço, imprimindo as teses e enviando os livros e o PDF para a biblioteca para poder ser registrada e publicada.
Alívio.
Mais notícias na semana que vem.
Hoje, agora, é só curtir o fim de semana sem preocupações e torcer para o Brasil na noite de hoje, 11 horas da noite, barzinho, amigos e... vitória da nossa seleção? Espero que sim! Senão vai ficar feio aqui pro meu lado, já que todo coreano que eu conheço vai ficar cobrando: "Pô! Mas é Brasil? Como é que foi perder???" Aí, Dunga! Me dá uma mão nessa aí, viu?
Abraços.